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Briga de vestiário e acusações. Por que Gallo não convocou promessa do Flu

Desentendimentos com Gallo fizeram Gerson recusar a seleção sub-20 - Nelson Perez/Fluminense
Desentendimentos com Gallo fizeram Gerson recusar a seleção sub-20 Imagem: Nelson Perez/Fluminense

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

30/04/2015 12h46

Sensação do Fluminense nos primeiros meses do ano, Gerson ficou de fora do Mundial sub-20. A explicação para isso não é técnica, mas essencialmente de comportamento: o meia teve sérios desentendimentos com o treinador Alexandre Gallo. 

Diversas pessoas ligadas às duas partes confirmam os problemas que são antigos e se agravaram no início deste ano, pelo Sul-Americano sub-20. Membros da antiga comissão técnica de Gallo, o único a seguir no cargo, acusam Gerson de simular lesão durante o torneio. 

O fato narrado em detalhes ocorreu durante Brasil x Peru, em 4 de fevereiro. Depois de ser criticado por um colega e pelo treinador à beira do gramado, Gerson caiu no chão, acusou dores fortes no joelho e pediu para ser substituído aos 34min daquela partida. Dois exames seguintes ao jogo reforçaram à comissão que não havia qualquer problema físico com o meia do Fluminense. 

Um fato seguinte ocorreu diante de testemunhas e evidenciou que Gerson não estava disposto a se esforçar durante o torneio em que o Brasil acabou na quarta posição. Em conversa com jogadores e novamente membros da comissão, irritado com a conduta de Gallo, o meia avisou que não iria disputar o Mundial sub-20. Insistiu para os presentes que o recado chegasse ao treinador. 

O relacionamento difícil entre ambos tem origem em 2013, na preparação para o Mundial sub-17. Gallo dirigia a seleção em Cotia e, insatisfeito com o ambiente, Gerson pediu para ser cortado. Naquela ocasião, foi alegado que problemas de saúde com a avó do jogador teriam motivado sua retirada do grupo. Não era 100% verdade. Entre os que criticam a atitude do jogador há consenso sobre os danos causados pelo comportamento de seu pai, Marcos Antônio da Silva, que funciona como espécie de agente. 

No último Sul-Americano, Alexandre Gallo expôs a falta de tato em se relacionar com jogadores jovens, muitas vezes de personalidade difícil, segundo se atesta até mesmo dentro da CBF. O atacante atleticano Carlos e o santista Gabriel, por exemplo, não se enquadraram no regime de trabalho do treinador e não vão ao Mundial. Gallo não gostou de ser questionado por Gerson por ter sido escalado para jogar como volante em uma partida, por exemplo. 

A colegas de comissão, o treinador chegou a criticar indolência do jovem de 17 anos, mas Gallo estava disposto a leva-lo ao Mundial. Nos últimos dias, funcionários da CBF fizeram uma série de contatos com Gerson e seus representantes, mas não houve absolutamente nenhum retorno. O meia chegou a dizer que não gostaria de passar seu aniversário, em maio, fora do Rio de Janeiro. A ideia do comandante era contornar os problemas e acertar a convocação que o próprio Fluminense aguardava de maneira ansiosa. 

Na tarde de quarta-feira, a assessoria do clube levou Gerson para uma entrevista coletiva no mesmo horário da convocação. A ideia era que o jogador, revelação do Campeonato Carioca 2015, comentasse a possibilidade de servir a seleção. A surpresa foi grande ao se notar que Gallo havia optado por outros atletas. Do Flu, o goleiro Marcos Felipe, o zagueiro Marlon e o atacante Kennedy foram listados, mas não falaram. 

O Fluminense ficou profundamente decepcionado com o desenrolar da história. A ideia da direção tricolor era que Gerson se valorizasse ainda mais no Mundial, já que as vendas dele e de Kennedy são vistas como essenciais para o futuro financeiro do clube. 

A reportagem buscou contato com a CBF, o Fluminense e Alexandre Gallo para comentar os fatos narrados, mas nenhuma das partes quis dar declarações.