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Levir Culpi ganha o Mineiro mais um capítulo para 'Um Burro com Sorte 2'

Levir Culpi pensa em escrever mais um livro somente com o que viveu no Atlético-MG - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Levir Culpi pensa em escrever mais um livro somente com o que viveu no Atlético-MG Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Victor Martins

Do UOL, em Varginha (MG)

03/05/2015 19h46

São mais de 40 anos no futebol e muitos títulos conquistados. Somente pelo Atlético-MG, o técnico Levir Culpi venceu o Campeonato Mineiro três vezes, um Brasileiro da Série B, uma Recopa e uma Copa do Brasil. Depois de confirmar mais um título estadual no currículo, treinador deixou no ar a possibilidade de escrever um novo livro, somente com as histórias que viveu na Cidade do Galo desde abril do ano passado, quando iniciou a quarta passagem pelo Atlético.

Autor de ‘Um Burro com Sorte?’, Levir Culpi declarou depois do clássico com o Cruzeiro e vencido de virada, com o segundo gol aos 43 minutos da etapa final, que pode escrever uma nova edição, tamanha as emoções que passou desde que aceitou o convite para treinar o Atlético mais uma vez. E olha que a memória não está muito boa, confessa o técnico. “Não lembro nem o que almocei, não lembro de 1995. Quem era o técnico? Era eu. Só me lembro disso”, respondeu ao ser perguntado sobre a primeira conquista em Minas Gerais, há 20 anos.

Emoção não faltou na vitória sobre a Caldense. Depois de abrir 1 a 0, o time alvinegro tomou o empate quatro minutos depois. Resultado que evitava a 43ª conquista atleticana na competição local. O gol do título saiu somente aos 33 minutos do segundo tempo, com um atacante que não marcava desde o dia 10 de abril de 2014.

Como a memória de Levir Culpi não está muito boa, ele mesmo brinca o assunto e no passado recebeu o troféu Alzheimer, dos demais membros da comissão técnica do Atlético, por causa da dificuldade em lembrar nomes e fatos recentes. Então, para ajudar o treinador, o UOL Esporte lembra alguns momentos que podem virar capítulo em um eventual ‘Burro com Sorte 2’.

Recopa 2014

Levir assumiu um time que defendia o título da Copa Libertadores e tinha pela frente a disputa da Recopa. Na primeira missão ele não conseguiu ajudar e o Atlético acabou eliminado nas oitavas de final. Já na segunda tarefa ele foi bem sucedido, mas ao melhor estilo atleticano, portanto, com muita emoção. Depois de vencer o Lanús por 1 a 0, na Argentina, o Atlético precisava apenas do empate para conquistar a Recopa. Algo que acontecia até o último minuto, quando a equipe mineira sofreu o terceiro gol. Mas dois gols contra na prorrogação garantiram outra conquista internacional.

Adeus de Ronaldinho

Não há dúvidas que Ronaldinho Gaúcho é um dos maiores ídolos da história do Atlético. O camisa 10 ajudou e muito o time na vitoriosa conquista da América, em 2013. Porém, já não rendia o mesmo na temporada passada. Apoiado por números, Levir sacou o craque durante as duas partidas contra o Lanús, na Recopa. Sem um tratamento especial e ameaçado pela reserva, Ronaldinho entendeu que era a hora de sair do Atlético.

Fim da concentração

Bastou Ronaldinho Gaúcho sair para Levir Culpi adotar uma medida inovadora no futebol brasileiro. O treinador passou uma responsabilidade aos atletas e acabou com a concentração em jogos na capital mineira. O bom desempenho nas partidas em Belo Horizonte foi mantido, mas o técnico sempre minimizou a ação, mas que o fez ganhar muitos pontos com os jogadores atleticanos.

Copa do Brasil 2014

Por duas vezes o Atlético precisou fazer quatro gols para avançar de fase e em ambas o time conseguiu, contra Corinthians e Flamengo. Foram duas derrotas por 2 a 0, em São Paulo e no Rio de Janeiro, duas vezes os adversários fizeram 1 a 0 na partida de volta, no Mineirão. Mas o Atlético mostrou força e reagiu, batendo os tradicionais rivais por 4 a 1, pelas quartas de final e semifinal da Copa do Brasil. O que dizer disso? “É gostoso, mas não precisava tanto. Só com remédio para aguentar”, respondeu o próprio Levir depois da virada sobre os cariocas. Para completar, a final foi contra o Cruzeiro. Título conquistado e com dois triunfos sobre o maior rival.

Distribuindo dinheiro

O título da Copa do Brasil rendeu ao treinador uma premiação de R$ 150 mil. Levir fez apenas um pedido à diretoria do Atlético: queria receber em espécie. Com o prêmio em mãos, o treinador repartiu todo o valor com os funcionários da Cidade do Galo, desde as lavadeiras aos cortadores de grama.

Copa Libertadores 2015

A Libertadores pode terminar para o Atlético no dia 13 de maio, ou em 5 de agosto, como deseja todos os atleticanos. Embora não seja possível saber o final desta história, o torneio continental já tem algo para ser registrado por Levir Culpi. Depois de duas derrotas, a primeira vitória veio fora de casa e num gol de sorte do treinador. Cárdenas e Lucas Pratto deixariam a partida contra o Santa Fe, mas um escanteio atrasou as alterações. O colombiano cobrou e o argentino marcou de cabeça. Já na última partida, contra o Colo-Colo, o time alvinegro precisava vencer por dois gols de diferença. Depois de perder um pênalti com Guilherme, o gol da classificação saiu somente aos 34 minutos, com Rafael Carioca. Destaque para o capricho da bola, que ao invés de sair para escanteio bateu na bandeirinha e voltou para dentro de campo.

Campeonato Mineiro 2015

Três derrotas na fase inicial, uma série de jogadores lesionados e desvantagem nas decisões contra Cruzeiro e Caldense. Diante do maior rival, um novo sucesso. Empate no jogo de ida e derrota por 1 a 0 até o intervalo da segunda partida. Foi quando Levir sacou o volante Leandro Donizete e colocou Guilherme em campo. O Atlético foi para cima e virou com dois gols de Pratto, o segundo aos 43 minutos da etapa final. Classificação garantida, mas para ficar com o título, era preciso vencer a Caldense. E a vitória veio, restando menos de 15 minutos e com emoção. “Essa é uma coisa que não vou conseguir me acostumar. O cara levanta a placa com seis minutos. Jogo dramático e foi muito bom durante o segundo tempo, foi lá e cá. A equipe deles é muito, mas nossa equipe estava firme. Era aquele espírito de decisão, que parece que vem acoplado no DNA do Atlético, os jogos ficam emocionantes”.

O último clube?

Aos 62 anos de idade, Levir já comentou algumas vezes sobre o desejo de se aposentar. Já usou músicas para comentar a situação. Porém, a decisão deve acontecer em função da série de emoções que viveu desde que aceitou o convite para treinar o Atlético mais uma vez. “O cara tem que trabalhar no Atlético também para sentir. Estou na quarta passagem e acho que será a última, depois não dá mais. Eu fico feliz de fazer parte desse grupo. A alegria quando você olha para a arquibancada não tem como explicar. Será difícil achar times com esse perfil do Atlético. O único problema é esse. O Atlético deixa a gente viciado. Onde irei encontrar uma adrenalina dessa no dia em que eu sair daqui?”.