Goleiro convocado por Dunga vai recorrer à internet para ver parto do filho
O goleiro Marcelo Grohe foi chamado para defender a seleção brasileira nos próximos dois amistosos e na disputa da Copa América. A alegria pela convocação é evidente, mas ao mesmo tempo gera certa tensão. Perderá o parto do primeiro filho, Pietro. A solução encontrada para poder estar presente em um momento tão importante é a internet. O Skype [programa de troca de mensagens] e uma webcam aproximarão Chile e Porto Alegre.
A esposa de Marcelo, Paula, está grávida de oito meses. Pietro nascerá enquanto o pai estará concentrado com a seleção brasileira. Para evitar a presença virtual, há ainda uma alternativa: o amistoso do dia 10, no Beira-Rio, contra Honduras.
"Pois é. A princípio, nasce em junho, se o Pietro não resolver nascer antes. É no tempo certo. Vamos ver como faremos. Vamos jogar aqui no dia 10 [contra Honduras, em amistoso no Beira-Rio]. Quem sabe ele não nasce neste período... Senão acompanharei pelo Skype. A internet facilita neste ponto. Mas tenho certeza que meu filho futuramente vai entender que o pai não estava presente no parto por um bom motivo", disse em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira.
Foi a terceira convocação de Marcelo Grohe para seleção brasileira. Titular do Grêmio, ele estará ao lado de Jefferson e Diego Alves nos jogos contra México e Honduras. Em seguida, terá a preparação para Copa América, no Chile.
"É a coroação do trabalho e reconhecimento. É um momento muito feliz para mim. Tive a felicidade de ir em duas convocações, um jogo que valia a taça. Mas é a primeira competição oficial. Eu estava com os companheiros há quatro anos, assistia a Copa América. Lembro que fiquei feliz com a convocação do Victor, que estava aqui no Grêmio. Eu não imaginava que estaria na próxima. O futebol permite isso e estou muito feliz", celebrou.
Marcelo se apresenta à seleção no próximo dia 1º. Servindo à seleção, ficará fora do Grêmio por nove jogos.
Confira as demais respostas da coletiva de Marcelo Grohe:
CONVOCAÇÃO APÓS VICE ESTADUAL
Domingo ficou um sentimento de muita frustração. Por mais que a gente tente esquecer isso, e estamos tentando fazer dentro do vestiário, é difícil. Na vida, temos que olhar para trás e ver o que foi feito de certo e errado, tentar crescer. Ao mesmo tempo, temos um campeonato que começa logo em seguida. Às vezes falamos pra aprender com isso. O sentimento é de frustração. Estávamos muito confiantes, mesmo sabendo da competência do adversário, um time grande como o nosso. Infelizmente não foi possível o título. Estou feliz pela convocação. E tenho que agradecer meus companheiros, o Grêmio, a direção. Cheguei aqui por um trabalho coletivo. Mas seria muito melhor se tivesse a convocação com o título gaúcho.
REPERCUSSÃO NO VESTIÁRIO
Se perguntar para meus colegas, todos querem chegar lá. É especial para qualquer atleta. Estou tendo esta possibilidade e ao longo dos anos a gente tem um sentimento de criança, um sonho, mas parece muito distante. Fiquei muito tempo esperando a chande de jogar, sendo reserva, e o sonho parecia distante. No momento que comecei a jogar e as coisas acontecerem positivamente na minha carreira, com boas atuações e reconhecimento da imprensa e da torcida, o sonho foi ficando mais possível. Consegui no ano passado e agora na Copa América.
RECOMPENSA PELA PACIÊNCIA
Acabo ficando feliz por tudo que passei. Foram anos de trabalho e espera. Todos sabem da minha história no clube. Não foi nada fácil. Veio com muito suor e sacrifício. Hoje olho para trás e vejo que tudo valeu a pena. Tenho certeza que cada dia me serviu de amadurecimento para este momento.
DISPUTA COM JEFFERSON E DIEGO ALVES
Vou muito feliz para a seleção e com sentimento de ajudar no que for preciso. Seja em treinos ou jogos. O Jefferson vem muito bem, é notório. Faz grandes jogos pela seleção. Trabalhei com ele, vi isso. É um grande goleiro. O Diego Alves também. Tem muita qualidade. Será uma disputa sadia com excelentes profissionais. Vou buscar meu espaço respeitando a todos.
ASSÉDIO DE CLUBES EUROPEUS
Não trato jogar na Europa como uma obsessão. Isso nunca tirou meu sono. Se não jogar lá, serei frustrado... Não é nada disso. Pelo contrário. Já falei aqui e sigo pensando assim: se eu construir minha carreira toda no Grêmio estarei satisfeito. Se surgir um dia a chance de jogar na Europa, for bom para o Grêmio e para mim, será uma realização grande. Poder viver em um outro país, com outra cultura. Pode ser bom para meu filho que está chegando também. Mas não é algo que tire meu sono. Essas coisas acontecem naturalmente.
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