Topo

Conselho do Vasco decide por perdoar dívida milionária de Eurico com clube

Eurico Miranda é acusado de dever mais de R$ 3 milhões ao Vasco - Marcelo Sadio/Divulgação/Vasco
Eurico Miranda é acusado de dever mais de R$ 3 milhões ao Vasco Imagem: Marcelo Sadio/Divulgação/Vasco

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

19/05/2015 22h31

Em reunião extraordinária realizada na noite desta terça-feira na sede Náutica, na Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ), o Conselho Deliberativo do Vasco decidiu por grande maioria de votos - somente um conselheiro votou contra - perdoar a dívida do atual presidente do Cruzmaltino, Eurico Miranda, com o clube.

Já prevendo o resultado, o grupo de 30 conselheiros que forma a oposição ao dirigente não compareceu em sinal de protesto, emitindo uma nota oficial de repúdio.

O valor total que era cobrado de ressarcimento chegou a casa dos mais de R$ 3 milhões. O polêmico caso teve início ainda na década de 90. Na ocasião, o ex-atacante Edmundo havia sido preso por conta de um acidente automobilístico e, após decisão da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, Eurico utilizou de ironia com três desembargadores, dizendo que eles haviam tido "15 minutos de fama". O dirigente, então, foi processado e condenado a indenizá-los em R$ 1,3 milhão, pagos pelo clube.

Posteriormente, o Vasco colocou o próprio cartola como réu em ação de perdas e danos. Com os juros, os valores chegaram aos atuais.

Questionado sobre o que pensava sobre o não comparecimento da oposição, Eurico Miranda demonstrou respeito a posição, mas fez a ressalva:

“O Vasco é um clube democrata. A oposição se manifesta, mas tem que se submeter à vontade da maioria. A oposição deve sempre comparecer, externar suas opiniões, fazer suas críticas e se submeter à vontade da maioria”.

O conselheiro que votou contra foi o advogado criminalista Mário Piragibe, que já chegou a ser representante do Cruzmaltino na Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) no período da gestão Roberto Dinamite.

O dirigente reassumiu a presidência do Cruzmaltino em dezembro do ano passado com uma grande vantagem de votos sobre os demais candidatos.

Veja abaixo a nota do grupo de conselheiros opositores divulgada antes da reunião:
“Os membros do Conselho Deliberativo do Club de Regatas Vasco da Gama (CRVG), representantes eleitos pela minoria, vêm a público, em especial aos vascaínos e vascaínas, repudiar, de forma veemente, a decisão previsível e esperada que será tomada, hoje à noite, pelos demais membros do referido Poder, em reunião extraordinária.

Como dito, não acreditamos em decisão diferente quanto à renúncia ao direito sobre que se funda a Ação nº 0220897-14-2010.8.19.0001, ajuizada em face de Eurico Ângelo de Oliveira Miranda, atualmente em fase de recurso de apelação interposto pelo réu. De se asseverar, entretanto, que a sentença de piso foi favorável ao autor da ação – Club de Regatas Vasco da Gama – e o valor dessa condenação soma, atualmente, pouco mais de três milhões de reais.

Trata-se de ação de regresso contra o atual Presidente da Diretoria Administrativa do CRVG, em função de manifestação proferida contra magistrados, que acabou por gerar sua condenação solidária com o CRVG, em ação transitada em julgado no Poder Judiciário do nosso Estado.

A satisfação da execução, entretanto, foi realizada integralmente apenas pelo CRVG, sendo essa a principal motivação para a interposição da referida ação.

No momento atual de dificuldades financeiras enfrentadas pelo nosso Clube, tal renúncia se mostra totalmente descabida, já que tal valor representa, mais ou menos, 13 (treze) vezes o valor arrecadado pelo financiamento coletivo para arrecadação de valores visando a reforma do Ginásio de São Januário.

Ademais, é grande a possibilidade de não se levar em conta o claro conflito de interesses existente no caso, tendo como interessado direto o próprio Presidente da Diretoria Administrativa do CRVG, em prejuízo ao Clube, demonstrando que a adoração ao referido dirigente por eles nutrida, claramente, suplanta qualquer sentimento que tenham em relação ao Clube, o que é de todo lamentável.

Rio de Janeiro, 19 de maio de 2015.”