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Na China, Tardelli dá um bico no extracampo do passado e se sente no auge

Mesmo jogando na China, Tardelli foi convocado para disputar a Copa América no Chile - HEULER ANDREY/Mowa Press
Mesmo jogando na China, Tardelli foi convocado para disputar a Copa América no Chile Imagem: HEULER ANDREY/Mowa Press

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

19/05/2015 06h00

Aos 30 anos de idade, Diego Tardelli considera que vive, em 2015, o auge de sua carreira. Convocado por Dunga para disputar a Copa América pela seleção brasileira, o atacante afirmou que ter sido lembrado pelo treinador, apesar de jogar no futebol chinês, é uma resposta a todos os que pensaram que ele seria esquecido ao assinar com o Shandong Luneng, onde tem as companhias de brasileiros como Aloísio e Junior Urso, além do técnico Cuca.

Ele prefere não falar dos problemas extracampo que teve no início da carreira e se diz feliz por ser referência para muitos jogadores e torcedores. Por considerar seu momento tão bom, o ex-Atlético-MG, São Paulo e Flamengo já fala até em manter o bom nível para garantir uma vaga na Copa do Mundo da Rússia, em 2018.

Com contrato de quatro anos, Tardelli admite que a liga da China ainda está abaixo do desejado e que faz treinos extras para chegar em um bom nível na competição que se inicia em junho, no Chile. Até por isso, seu principal contato na seleção, até aqui, tem sido o médico.

Confira a entrevista completa de Diego Tardelli:

UOL Esporte: Como estão seus primeiros meses de China em relação à adaptação?
Diego Tardelli:
Em relação à adaptação para mim e para a família foi tranquilo. Trouxemos uma empregada, então comemos as mesmas coisas do Brasil. Arroz, feijão, carne... Tem tudo em casa. Temos um tradutor disponível 24h para nós, além do motorista que fala inglês e ajuda muito. Não tive problemas extracampo aqui ainda não.

UOL Esporte: E o nível do futebol chinês? Qual é o estilo de jogo por aí?
Tardelli:
Para mim, foi difícil me adaptar dentro de campo. Joguei o primeiro ou segundo jogo e já me machuquei, então ficou ainda mais difícil para me adaptar. Agora no finalzinho que eu pude fazer o gol, saber como é o futebol aqui. É uma liga difícil e com uma qualidade técnica abaixo do Brasil e outros países. Mas é legal de jogar. Estou me adaptando, me preparei bastante para jogar e estar bem. Estou feliz aqui. Fiz o primeiro gol depois de quatro meses e agora só vai melhorar.

UOL Esporte: A ideia é ficar os quatros anos de contrato aí?
Tardelli:
Vou tentar fazer de tudo para ficar os quatro anos aqui. Quero muito e acho que é um país que estou gostando, minha família está gostando e pretendo cumprir tudo. Não sabemos o futuro, mas pretendo ficar os quatro anos aqui. Vai ser bom pra mim.

UOL Esporte: Você já esteve em outros mercados periféricos como Rússia e Qatar. Dá para fazer alguma comparação?
Tardelli:
Cada país é diferente. A gente se baseia muito no jogador local. Depende muito dos locais. E eu pude jogar na Coreia esses dias contra um time de lá e os jogadores coreanos estão acima dos chineses. Joguei no Qatar e a China está à frente deles. Então é diferente. A diferença é grande entre um país e outro.

UOL Esporte: Significa algo para você ser o primeiro atleta atuando na China a jogar pela seleção? A sua imagem mudou aí por causa disso?
Tardelli:
Representa muita coisa para mim. Principalmente porque, antes de sair do Atlético-MG, todo mundo falava que eu ia ser esquecido, não ia ser convocado e o Dunga ia me esquecer. E aconteceu tudo ao contrário. Hoje o meu time é visto em todos os lugares, acho que estou sendo uma referência, como o Goulart, o Moreno e o Barcos, que são grandes jogadores que estavam no Brasil e vieram para China. Além da parte financeira que é muito boa, a visibilidade agora está sendo boa em relação ao futebol chinês. Todos aqui ficaram super felizes pela convocação, especialmente os chineses e os brasileiros. Eles agora me tratam de forma diferente, especialmente os estrangeiros.

UOL Esporte: E como está seu contato com a seleção? Fala sempre com Dunga?
Tardelli:
Meu maior contato é com o Rodrigo Lasmar (médico), por causa da lesão que tive no início da passagem por aqui, há um mês. Já com o Gilmar e com o Dunga eu falei uma vez, nada demais. Procuro manter o contato com o Lasmar porque preciso de orientações para estar bem fisicamente e chegar bem na seleção.

UOL Esporte: E com os jogadores? Você já falou sobre a convocação?
Tardelli:
Não falei com ninguém ainda. Mas quando chegar lá, com um mês trancado na concentração, ai vai rolar grupo de Whatsapp com certeza. Vamos nos falar sempre.

UOL Esporte: Essa competição vai ter nomes como Messi, James Rodrígues e Neymar. O que esperar da Copa América?
Tardelli:
Eu acho que vai ser uma das competições mais difíceis da história, pelo nível, pelos jogadores que atuam fora do país, pelo que foi mostrado na Copa do Mundo, pelos caras que você citou... E eu estou me preparando muito. Além do treino do grupo, eu faço um treino à parte, faço algo a mais, porque eu sei que vai ser difícil e sei que quero me manter e fazer o que já fiz nos amistosos. Pude ir bem nos amistosos com Dunga, especialmente contra a Argentina e contra a Colômbia. Então eu acredito que vai ser difícil, mas com a nossa qualidade a gente pode ser campeão.

UOL Esporte: Você já admitiu ter tido problemas extracampo no início da carreira. Ver você na seleção agora pode ser considerado consolidação de um novo Tardelli?
Tardelli:
Isso faz parte do meu passado. Eu acho que isso foi com 17 ou 18 anos, coisa normal de adolescência, do primeiro jogo, do primeiro time, do primeiro salário... Eu nem gosto de falar disso. Vamos falar do lado positivo. Do que eu fiz nos últimos anos, ainda mais com o Atlético-MG. Vamos falar do jogador que eu me tornei no Brasil e na seleção. Hoje sou referência pra muita gente, para crianças e para torcedores. É legal chegar no auge que cheguei. Agradeço a Deus por todos os dias que vivo, pelos momentos que passei, pela oportunidade que tenho e pelos títulos e clubes que passei. A cada ano que passa eu me sinto mais maduro. Quero chegar bem na seleção, quero ser referência. E cada jogador que está na seleção quer permanecer. Esse é o foco, disputar a Copa do Mundo, e acho que estou no caminho certo. Fiz por onde para estar onde estou, com grandes jogadores.

UOL Esporte: Você tem acompanhado o futebol no Brasil? Tem palpites para favoritos no ano?
Tardelli:
No começo, eu não conseguia ver os jogos porque estava sem internet e aqui é um problema que enfrentamos. É complicado, a internet é lenta e tem difícil acesso. Mas, agora, como chegou uma internet boa, eu quero acompanhar tudo e vejo os jogos mais importantes, mas sempre torcendo pelo Atlético-MG, para os amigos que estão lá. Com o elenco que tem, com certeza vai brigar pelo título.