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Em 2010, Felipão somava títulos e sucessos. 5 anos depois, tudo mudou

Felipão acena para a torcida do Grêmio; treinador se despediu de forma melancólica - Lucas Uebel/Gremio FBPA
Felipão acena para a torcida do Grêmio; treinador se despediu de forma melancólica Imagem: Lucas Uebel/Gremio FBPA

Do UOL, em São Paulo

19/05/2015 21h18

A queda de Luiz Felipe Scolari no Grêmio destoa do momento que o mesmo técnico vivia há cinco anos, quando voltou ao Brasil. Às vésperas do início da Copa do Mundo de 2010, o palmeirense sedento por títulos recebeu a grande notícia de que o técnico campeão da Libertadores estava de volta. Depois de oito anos fora, retornava com status de cidadão do mundo, acumulando conquistas, vivência na elite e muito respeito.

Felipão não perdeu nenhuma das conquistas e ainda tem o carinho dos torcedores. Só que seu status, depois de trabalhos nos três times em que mais venceu na carreira, mudaram seu status.

Quando o Palmeiras anunciou o “reforço” há cinco anos, o jornal inglês Guardian escreveu que o treinador “altamente respeitado” voltava para casa. Para o AS, o clube havia contratado “um dos técnicos mais vitoriosos do Brasil”. Não eram simples palavras elogiosas.

Scolari é uma das poucas figuras do futebol verde-amarelo que eram repercutidas pelo mundo. Méritos dos resultados alcançados pelo treinador, que conseguiu a façanha de ir a duas semifinais de Copa do Mundo consecutivas, vencendo a primeira com o Brasil e perdendo a segunda com uma seleção que não ia tão longe desde 1966.

Suas vitórias em seleção o colocaram em um patamar muito alto. A Inglaterra, por exemplo, viu Felipão eliminá-la da Copa de 2002 e da Eurocopa de 2004. Para não sofrer mais, decidiu, meses antes da Copa de 2006, contratá-lo para substituir o treinador de então após o Mundial da Alemanha.

Scolari, na época, não quis se comprometer antes da competição, se irritou com a maneira como a mídia local invadiu sua privacidade e recusou a proposta. Como se fosse uma resposta, bateu a Inglaterra de novo na competição, ganhando ainda mais respeito no país. “A rejeição de Scolari é um grande problema para a FA [Federação Inglesa de Futebol]”, escreveu o jornal Daily Mail na época.

Felipão resistiu até a uma passagem malsucedida pelo Chelsea dois anos mais tarde. Sua opinião sobre Cristiano Ronaldo x Messi foi manchete diversas vezes na Espanha, os detalhes da passagem pelo clube inglês sempre foram destaque na Inglaterra e ele várias vezes viu seu nome incluído em listas de possíveis treinadores de seleções médias.

Quando optou por voltar ao Brasil, Felipão parecia ter muita lenha para queimar. A expectativa era tanta que se cogitava, à época, a possibilidade de o Palmeiras perder seu treinador para a seleção após o fracasso de Dunga na Copa do Mundo de 2010.

“Foi uma batalha. As pessoas pensam que a gente traz técnico e jogador a hora que quiser, e não é assim. Desculpe a emoção, mas sou assim mesmo. Não foi fácil, o Felipão tinha questões para resolver na Europa, é um homem muito requisitado, mas tem uma relação muito profunda com o Palmeiras”, descreveu Luiz Gonzaga Belluzzo, então presidente alviverde, ao Sportv.

Foi só a primeira incursão de Felipão em um lugar com o qual mantém uma “relação profunda”. Dois anos depois, ele teria uma nova chance na seleção e, mais recentemente, no Grêmio. Embora tenha tido momentos positivos em cada um dos trabalhos, o treinador terminou todos em baixa e agora vive um impasse na carreira.

As conquistas da Copa do Brasil e da Copa das Confederações e uma vitória marcante em um Grenal não se sobrepõem à campanha do rebaixamento, ao 7 a 1 na Copa e à má campanha no clube gaúcho. Cinco anos depois de voltar ao Brasil como uma estrela, Felipão acumula insucessos e está em um outro patamar. Um patamar inferior àquele em que ele estava em 2010.