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Odebrecht ajuda Arena e compra primeiras CIDs emitidas por prefeitura

Arena Corinthians tem prazo de 12 anos para ser paga inteiramente pelo clube - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Arena Corinthians tem prazo de 12 anos para ser paga inteiramente pelo clube Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

19/05/2015 15h24

Um passo importante foi dado pelo Corinthians na missão de pagar a construção de seu estádio com valor total estimado de R$ 1,15 bilhão. Nos últimos dias, o Fundo de Investimento Imobiliário que administra a Arena Corinthians comercializou as duas primeiras folhas referentes à Certidão Incentivo ao Desenvolvimento (CID). A informação foi dada pelo superintendente de futebol Andrés Sanchez à Rádio Globo e confirmada pela reportagem. 

A compra foi realizada pela empreiteira Odebrecht, responsável pela construção do estádio e administração do Fundo. A empresa confirmou a informação ao UOL Esporte: o investimento inicial é quase simbólico, de R$ 100 mil, mas o grupo assegura que pretende destinar toda a quantia possível para ajudar a Arena Corinthians a se pagar. O valor total das CIDs emitidas era de R$ 420 milhões, mas corrigida pelo IPCA chegam a R$ 465 milhões, segundo a Odebrecht. 

O processo funciona da seguinte maneira: as certidões foram emitidas pela prefeitura de São Paulo, com base em lei municipal formulada pela então prefeita Marta Suplicy, e podem ser compradas por interessados em pagar tributos municipais (IPTU e ISS) com esses títulos. A emissão das CIDs teve início em 2011, mas a conclusão atrasou. Recentemente, o fundo que gere a Arena Corinthians conseguiu a totalidade das certidões e ainda o Termo de Conclusão de Investimento, o que autoriza a comercialização. 

Ao Corinthians, a Odebrecht assumiu o compromisso de fazer investimento na compra de CIDs. "Vamos usar isso nas obras da empresa em São Paulo, com o mesmo método. O grupo vai comprar tudo o que for possível para utilizar esses papéis. Começamos uma obra que tem recolhimento mensal de R$ 1 milhão e vamos destinar isso à Arena. Sabemos de outras empresas e bancos interessados", disse um representante à reportagem. 

Embora esse processo seja alvo de denúncia do Ministério Público de São Paulo, a Odebrecht optou pelo investimento após análise de advogados especializados nas áreas jurídica e tributária. "A lei é vigente, o papel existe e até que se julgue improcedente, há o direito. Tanto que a prefeitura aceitou a transferência dos primeiros papéis. Temos convicção de que é tudo perfeitamente legal, pois a prefeitura fez as mesmas concessões a outras empresas", declarou o representante da empreiteira. 

Esse é o primeiro dos problemas importantes que o Corinthians tem a resolver a ser solucionado nos últimos tempos. A partir de julho, o Fundo Imobiliário inicia o pagamento de parcelas mensais de R$ 5 milhões ao BNDES. O marketing do clube também se esforça para a comercialização de camarotes e cadeiras cativas, mas a grande esperança de pagamento é a comercialização dos naming rights da Arena. Não há, porém, nenhuma negociação encaminhada nesse sentido. Prevista para fevereiro, a conclusão das obras do estádio ainda parece distante.