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Felipão fracassa em recuperação de imagem e remonta cenário de ultrapassado

Felipão deixou o Grêmio nesta terça-feira após pedir demissão do cargo de técnico - Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio
Felipão deixou o Grêmio nesta terça-feira após pedir demissão do cargo de técnico Imagem: Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

20/05/2015 06h00

Felipão fracassou no seu principal objetivo no Grêmio. A volta ao trabalho menos de um mês após a eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo, por 7 a 1 para Alemanha e derrota em seguida para Holanda, visava recuperar a imagem do multicampeão treinador. Não deu certo. Sem vaga na Libertadores deste ano, sem título gaúcho, e com os mesmos problemas de experiências anteriores, Luiz Felipe Scolari revê o rótulo de 'ultrapassado', tão presente após o Mundial. 

Na chegada ao Grêmio, em julho passado, Felipão disse que precisava de 'carinho'. Um 'abraço' que apenas a torcida tricolor seria capaz de dar. Por conta dos títulos da Libertadores de 1995, do Brasileirão de 1996, da Recopa, da Copa do Brasil, os azuis de Porto Alegre faziam questão de ignorar o infortúnio no reservado da seleção brasileira. O 7 a 1 virou assunto proibido no Grêmio. 
 
Com ambiente positivo e apoio do povo, Felipão tinha tudo para retomar a carreira. Trabalhou bastante, mas sem um objetivo conquistado. Assumiu o Grêmio na 11ª posição do Brasileirão. Teve mais de um turno para brigar por coisas maiores. Brigou até as últimas rodadas, mas uma sequência de tropeços tirou a equipe da Libertadores deste ano. Acabou em sexto. 
 
O ponto alto da passagem, no entanto, veio com a conquista de uma vitória sobre o Internacional. O 4 a 1, na Arena, pelo Brasileiro passado, pode ser considerado o título de Felipão. Muito pouco, vindo de quem a torcida esperava tanto. Na prática, menos do que tinha feito Renato Gaúcho no ano anterior, que assumiu em momento semelhante (também em julho) e levou o time à Libertadores. 
 
A expectativa era que a imagem pudesse ser refeita com ao menos um título. O Gauchão deste ano. Tratado como 'Copa do Mundo', com apenas times mais fracos como adversários e o Internacional, de igual grandeza, mas desinteressado por conta da Libertadores, o torneio tinha tudo para ser do Grêmio. Não foi. Com tropeços no começo da competição, o Tricolor terminou como segunda melhor campanha, chegou até a final, mas perdeu para o tradicional adversário, completando cinco anos sem um título sequer.
 
Ao tentar reestruturar sua fama, Scolari teve os mesmos problemas que em momentos anteriores da carreira: reclamações públicas e insatisfação dos atletas. Foi este motivo que gerou sua briga com Kleber Gladiador no Palmeiras em 2011, foram discussões com atletas e o afastamento de Drogba que geraram sua saída do Chelsea. E não foi diferente em Porto Alegre. Ao criticar o grupo publicamente, pedir reforços e eleger uma série de times como superiores ao seu, Scolari perdeu a confiança dos atletas, mesmo que negue ter qualquer problema publicamente.
 
Ao pedir demissão nesta terça-feira (19), Felipão deixou o Grêmio com aproveitamento de 60%. Números, em tese, positivos. Mas, por outro lado, com a marca de não vencer um time de Série A desde novembro do ano passado. Foram seis meses, nove partidas, e uma queda que reabre dúvidas sobre o futuro da carreira.