Topo

Odebrecht só precisa investir 20% prometido para ficar no Maracanã

Júlio César Guimarães/UOL
Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/05/2015 11h43

O governo do Estado do Rio de Janeiro praticamente selou a continuidade da Odebrecht na gestão do Maracanã. Descartou nesta quarta-feira (20) realizar uma nova licitação do controle do estádio e até a possibilidade de transferir a Flamengo e Fluminense a administração da arena. Reduziu ainda a um quinto do previsto o investimento obrigatório da Odebrecht no entorno do Maracanã: dos R$ 594 milhões prometidos em 2013, a construtora terá de gastar só R$ 120 milhões para ficar no estádio.

O novo valor foi revelado pelo secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, nesta manhã. Ele foi calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas) depois que a Odebrecht pediu ao governo um reequilíbrio do contrato de concessão do Maracanã, no início deste ano.

"A FGV está terminando o reequilíbrio do contrato de concessão. O investimento a cargo da concessionária deve ser de R$ 120 milhões. Esses valores foram demonstrados em estudos. A concessionária havia proposto investir R$ 90 milhões", afirmou o secretário de governo, Leonardo Espíndola. "Nós temos um contrato com a concessionária. Não haverá licitação a não ser que ela não aceite pagar esse valor."

A concessão do Maracanã ficou sob risco porque o governo do Estado decidiu preservar o Parque Julio Delamare e o Célio de Barros. Assim, a construtora pediu uma readequação do contrato que previa um investimento inicial de R$ 594 milhões. Seu argumento é que houve uma queda grande no potencial de arrecadação do estádio sem a possibilidade de fazer um shopping no local. 
 
No mês passado, Espíndola já havia declarado que a negociação para o reequilíbrio do contrato estava adiantada. Naquela época, porém, o investimento obrigatório estudado estaria na casa dos R$ 180 milhões, ou seja, R$ 60 milhões a mais do que o divulgado nesta terça-feira.
 
Espíndola falou sobre o novo contrato após participar de uma reunião com membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) enviados ao Rio de Janeiro para avaliar o andamento da preparação da capital fluminense para os Jogos de 2016. O secretário afirmou até que os projetos do Estado para a Olimpíada também influenciaram no reequilíbrio do contrato do Maracanã.
 
Para desemperrar a negociação, o governo quer tirar da Olimpíada o Parque Julio Delamare. O espaço teria provas preliminares de polo aquático. Com a saída da instalação, o investimento necessária na praça cai de R$ 60 milhões para R$ 30 milhões, o que facilitaria o acordo com a Odebrecht.
 
Apesar do prejuízo da operação do Maracanã nas mãos da Odebrecht, o secretário considera que foi um ação bem sucedida fazer a concessão do estádio. Segundo ele, se isso não tivesse acontecido, o governo não teria de se desonerado do valor gasto com o local. 
 
Com a proximidade de um acordo entre governo e construtora, está descartado que os clubes Flamengo e Fluminense assumam a operação do estádio de forma independemente como eles chegaram a propor. "Já temos um contrato de 30 anos com a Concessionária", justificou Espíndola.