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Grêmio desiste de técnicos 'superpoderosos' após fracasso de estrelas

Vanderlei Luxemburgo é exemplo do estilo de comando que o Grêmio não quer mais - Lucas Uebel/Gremio FBPA
Vanderlei Luxemburgo é exemplo do estilo de comando que o Grêmio não quer mais Imagem: Lucas Uebel/Gremio FBPA

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

21/05/2015 06h00

O passado recente do Grêmio foi marcado por técnicos 'superpoderosos'. Carregando grandes comissões técnicas, envolvidos com negócios e presentes em departamentos que muitas vezes nada tinham a ver com eles. Não será mais assim. Como prega o presidente Romildo Bolzan Júnior, o clube não aceitará que o chefe da comissão técnica traga mais de um companheiro. E os poderes reduzidos serão marca de quem assumir o time nos próximos dias. 

O Grêmio resolveu pôr em prática uma ideia que tenta executar há muito tempo: uma comissão técnica permanente. A nomeação do preparador físico Rogério Dias Luiz foi o começo da montagem de um grupo de profissionais independentes do treinador, que ainda não foi contratado. James Freitas, atualmente interino no time principal, também estará na comissão fixa do clube. 
 
O perfil do novo comandante abordará, inicialmente, a aceitação que suas funções são limitadas. Apenas o primeiro auxiliar será indicado, nada mais. Não haverá ingerência em contratações. Não terá espaço para opinião em outros setores. E a razão para uma mudança tão forte é simples: trauma. 
 
Já em 2010, Renato Gaúcho mostrava que não era apenas um técnico de futebol. Espalhava seus domínios por outras partes do clube. Informava lesões, opinava sobre regras de vestiário, abordava assuntos maiores que sua função. Tanto que chegou, em 2011, a dizer que 'entregava tudo mastigadinho' para os dirigentes da época. Não deu certo. Voltou ao clube em 2013 já com perfil um pouco diferente. Mas novamente acabou saindo sem deixar tanta saudade internamente. 
 
Mas antes da segunda passagem de Renato pelo Tricolor, Vanderlei Luxemburgo foi o melhor exemplo de técnico que queria ser mais do que sua função determinava. Luxa negociava abertamente preços e salários de jogadores, carregava preparador físico, auxiliares e conseguiu até a contratação do fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé. Manipulava politicamente os bastidores do clube e buscava comandos que muitas vezes não tinha. Também caiu sem sucesso em campo ou fora dele. 
 
Por último, Luiz Felipe Scolari, não tão claramente quanto Luxa ou Renato, também abusava do poder. Evitava entrevistas de atletas em determinados momentos, forçava treinos fechados mesmo que nem fosse considerado necessário, cobrava o departamento médico e também pesou para contratação de dois auxiliares e mais um preparador físico. Todos demitidos na última terça-feira.
 
O quadro de técnico 'superpoderoso' está totalmente vetado no clube. Quem for contratado jamais poderá fugir de suas atribuições. Técnico treina, direção dirige. Tanto que negociações para chegada de novos jogadores ocorrem, hoje, paralelamente à negociação para contratação do técnico. Não haverá lista passada por ele, que poderá opinar mas não decidir investidas no mercado. 
 
"É difícil falar. Não gosto de me envolver nestas situações. Quem tem que fazer a escolha do que é necessário no momento é a diretoria. Filosofia e personalidade, nós jogadores temos que abraçar quem for escolhido para que juntos possamos tirar o Grêmio desta situação", declarou o goleiro Marcelo Grohe. 
 
A direção gremista não define prazo para anúncio do novo técnico. As negociações com Cristóvão Borges travaram no acerto salarial e na escolha do auxiliar. Um nome ainda não especulado estaria mais perto de ser anunciado pelo clube gaúcho.