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Prédio tenta despejar atletas do Palmeiras por churrasco e até pichações

Condominio fica próximo à Rua Turiassu e ao Allianz Parque - Fábio Menotti/Ag. Palmeiras
Condominio fica próximo à Rua Turiassu e ao Allianz Parque Imagem: Fábio Menotti/Ag. Palmeiras

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

21/05/2015 06h00

Na rua Padre Antônio Tomás, próximo ao Allianz Parque, há um condomínio chamado Edifício Yara. Desde 2001 os moradores dividem espaço com atletas das categorias de base do Palmeiras; a convivência não é pacífica. Há sete anos o condomínio tenta, na Justiça, remover do local os garotos.

O alviverde adquiriu sua primeira unidade no local há cerca de 13 anos, e instituiu ali alojamentos para jogadores da base do futebol. Em 2008, os problemas começaram a aparecer: acusando o clube de descumprir o regulamento e utilizar um prédio destinado a moradores de famílias para repúblicas de jovens, o condomínio acionou a Justiça.

Segundo os condôminos, o Palmeiras adquiriu em 2004 mais três apartamentos e os atletas começaram a ter comportamentos inadequados. O processo fala em “verdadeiro caos, com barulho, festa, algazarra, entrada e saída de pessoas estranhas”. Há episódios mais graves, chamados até de crimes, como "furto de cadeados, pichações em elevadores, arremesso de objetos pela janela”.

Conselheiros do clube ouvidos pela reportagem lembram que, na época, um churrasco feito pelos jogadores causou transtornos no condomínio. O motivo: o carvão em brasa foi colocado no chão, e as carnes assadas sobre o assoalho de um dos apartamentos.

Em dezembro de 2008, o juiz João Marçura, da 24ª Vara Cível de São Paulo aceitou os argumentos e condenou o Palmeiras a retirar os jovens e utilizar os apartamentos apenas para moradia de famílias. Na decisão, até condenou os então advogados do alviverde a uma multa por litigância de má-fé, considerando que o clube tentou esconder que usava o local como república.

A sentença até hoje não foi cumprida: na época, o alviverde recorreu, mas não conseguiu reverter a decisão. Em 2012, o condomínio chegou a firmar um acordo com o clube encerrando a briga. Foi comprovado nos autos, entretanto, que o então síndico do Yara, Odair Luciano, era também funcionário do Palmeiras, o que colocou o acerto em xeque.

Procurado pela reportagem, o Palmeiras mantém a política de não comentar ações em andamento. Em março deste ano a Justiça, com base na animosidade entre as partes ao longo dos últimos anos, decidiu arquivar o processo sem que a decisão fosse cumprido. O condomínio Yara está recorrendo dessa medida.