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Presidente da Mancha virou técnico e usou lições de brigas pra subir na A3

Paulo Serdan é presidente de honra da Mancha Verde - Luciano Amarante/Folhapress
Paulo Serdan é presidente de honra da Mancha Verde Imagem: Luciano Amarante/Folhapress

Fábio Aleixo e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

22/05/2015 06h00

Paulo Serdan sempre foi conhecido no futebol por sua forte ligação com o Palmeiras e o fato de ser presidente de honra da torcida organizada Mancha Verde. Mas neste mês, ele chamou a atenção por exercer uma função no mínimo inusitada. Virou treinador do Atibaia quando faltavam apenas quatro jogos para o término do quadrangular semifinal da Serie A3 do Campeonato Paulista e conseguiu levar o time do interior ao acesso. A ida para a A2 em 2016 foi garantida na última partida, com um gol aos 46 minutos do segundo tempo contra o Barretos, que jogava pelo empate.

Com relação estreita com o Atibaia - no qual tem influência na diretoria e se considera um “faz tudo” – Serdan foi convidado para assumir o comando e dividir a função de técnico com o vice-presidente Leonardo Silvério. A dupla assumiu o posto após a queda de Luiz Carlos Ferreira, considerado o Rei do Acesso.

“Não tinha treinador e auxiliar, era o Léo e eu. Como tem de haver uma nomenclatura o Léo ficou de treinador e eu fiquei de auxiliar. Mas os dois eram os treinadores.

Temos uma amizade muito legal e foi muito bacana, porque conseguimos contagiar a rapaziada toda”, disse Serdan ao UOL Esporte.

Sem experiência, o presidente da Mancha usou lições aprendidas em briga de torcidas para motivar o grupo e conseguir o acesso que era dado como improvável.

“Eu falei pro time: ‘Aqui um tem que correr pelo outro. É que nem briga de torcida. Na minha época de torcida, a gente não podia largar ninguém pra trás. Então aqui é a mesma coisa. Ninguém pode deixar de correr porque foi o outro que perdeu a bola. Temos de estar juntos’. Eu joguei bola na várzea e sempre foi assim, um correndo pelo outro”, disse.

Apesar de usar ensinamentos de confrontos entre torcedores, Serdan garante estar muito mais tranquilo hoje em dia. Tanto que na partida contra o Barretos chegou a apartar uma briga no fim. Uma atitude bem diferente de uma protagonizada por ele em 2007. Naquela ocasião, ainda como torcedor agrediu Márcio Vicente Rodrigues, técnico da equipe sub-14 do Palmeiras. O motivo? Não concordou com o fato de o comandante do Alviverde ter tirado seu filho ainda no primeiro tempo da partida.

Paulo Serdan - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Paulo Serdan com o time do Atibaia após a conquista do vice-campeonato da quarta divisão paulista em 2014
Imagem: Reprodução/Facebook

E como treinador do Atibaia, Serdan teve a oportunidade de comandar o seu filho. Kaíque é lateral-esquerdo do time do interior. E apesar da relação familiar, não poupa o jovem de 22 anos.

“Por ele ser o meu filho, é lógico que sempre existe uma cobrança maior. As pessoas ficam mais atentas a ele. Quando eu assumi o negócio eu falei pra ele: ‘Kaíque, infelizmente, às vezes eu te cobro um pouco mais até porque primeiro eu quero o seu bem, e outra, porque você tem de ser o exemplo, cara’. No jogo contra o Barretos, ele era o cara que eu mais xingava. Aí quando faltavam 15 minutos eu tirei ele. Precisávamos da vitória, e ele não estava rendendo”, contou Serdan.

Apesar do sucesso no curto período à frente do Atibaia, ele descarta seguir a carreira à beira das quatro linhas.

“Acho que eu já tive todas as emoções possíveis e imaginárias nestes quatro jogos. Entende que a minha posição é do lado de fora, dando apoio ao treinador que vier. Mas em uma emergência a gente até pode pensar (risos). Mas isso [ser treinador]nunca passou pela minha cabeça”, disse.

Serdan, que também é conselheiro do Palmeiras, aproveitou para dar uma cornetada no técnico Oswaldo de Oliveira:

“Que o Osvaldo já passou da hora de ir embora já passou. E agora eu posso falar, estou em condição de falar porque eu já tenho um acesso na minha carreira (risos) Tenho brevê já”.