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Carrasco de vexame do Palmeiras em 2002 ainda joga. E vai torcer pelo ASA

Atacante, que atualmente defende o Atlético Acreano, jogou pelo Plácido de Castro (AC) na última temporada - Reprodução/Facebook
Atacante, que atualmente defende o Atlético Acreano, jogou pelo Plácido de Castro (AC) na última temporada Imagem: Reprodução/Facebook

Rodrigo Garcia e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

26/05/2015 06h00

13 de fevereiro de 2002, estádio municipal de Arapiraca. Às 22h de uma noite quente, duas equipes começam a se posicionar para começar um confronto pela Copa do Brasil. De um lado, Palmeiras, com estrelas como Marcos, Alex e Arce. Do outro lado, o Asa, liderado pelo centro avante Sandro Goiano. O atleta não sabia, mas aquele confronto mudaria para sempre sua vida e sua carreira.

Autor do gol da vitória por 1 a 0, Sandro sabia que o gol não seria o suficiente para eliminar o Palmeiras, que tentaria reverter a vantagem em seus domínios. Entretanto, uma semana depois, em pleno Parque Antártica, Sandro aproveitou boa jogada de Jânio e marcou o gol do único do Asa na derrota por 2 a 1, que garantiu a classificação da equipe e culminou em um dos maiores vexames da história do clube paulista. Passados 13 anos do feito, o veterano atleta de 35 anos, que atualmente defende o Atlético Acreano (AC), garante que esta é a maior lembrança que ele levará da carreira de jogador.
"Pra nós que éramos do interior, ganhar de um time que é conhecido mundialmente é meio complicado. Foram esses dois gols que abriram as portas para eu ir para fora do país e, graças a Deus, eu consegui muitas coisas depois destas duas partidas. As portas se abriram mais pra mim porque nós conseguimos eliminar o Palmeiras da Copa do Brasil. O gol saiu naturalmente, mas ficou mais importante e marcante por ter conseguido tirar o Palmeiras, que tinha um elenco e um treinador (Vanderlei Luxemburgo) conhecidos mundialmente", detalha Sandro.
Às vésperas de um novo confronto contra o Palmeiras, que acontecerá nesta quarta-feira (27), pela terceira fase da Copa do Brasil, o atleta destaca a dificuldade de conquistar o acesso diante de uma equipe da grandeza do Palmeiras. Sandro salienta que, quando atuou pelo Asa, eliminar o Palmeiras era algo considerado difícil de acontecer, mas o feito só foi possível devido à força de vontade dos atletas. Sandro detalha que o sonho passou a virar realidade após a vitória por 1 a 0, em Arapiraca.
"Tem que sonhar, né? Se a gente não tiver sonho, é melhor não viver. A gente sonhava em conseguir e sabíamos que não seria fácil passar pelo Palmeiras, como não foi. Ficamos muitos felizes em levar o segundo jogo para São Paulo, era uma coisa muito difícil um time pequeno não ser eliminado já no primeiro jogo, e isso nos deixou muito feliz, acreditamos que poderíamos passar de fase, já que tínhamos uma boa equipe, com jogadores já rodados no futebol. A gente sabia que tinha potencial para conseguir a classificação. Conseguimos este feito, que até hoje é lembrado no Brasil e em Maceió", celebra Sandro.
Ao comentar sobre a inédita classificação, Sandro avalia a postura do Palmeiras. Para o jogador, o Palmeiras entrou de "salto alto" no jogo, o que prejudicou a equipe e facilitou a tarefa do Asa. Entretanto, o jogador faz questão de ressaltar que não houve desrespeito dos adversários.
"Os jogadores do Palmeiras respeitaram a gente. Não fizeram nada dentro de campo, não falaram, mas time grande pensa isso, eu não vou mentir. Como o time é pequeno, o jogo tinha sido só 1 a 0, então acharam que iam ganhar a hora que quisessem, mas nenhum jogador nos desrespeitou, de maneira nenhuma", argumenta Sandro, que ainda defende que o placar no jogo de ida poderia ter sido maior, se não fossem as boas intervenções do goleiro Marcos em duas cabeçadas feitas pelo atacante.
Por fim, o jogador aprovou a postura dos atletas palmeirenses, que parabenizaram jogadores adversários após a partida, mesmo com a tristeza da eliminação precoce.
"O Galeano, com o jeito dele, foi o que mais ficou chateado e triste, ele não esperava o que aconteceu. Depois do jogo, fomos para o exame antidoping eu, mais um jogador do Asa, o Alex e um outro jogador do Palmeiras que eu não me recordo quem era, mas eles nos parabenizaram por tê-los vencido, falaram que a nossa equipe era boa. Foram bastante coerentes e, acima de tudo, humildes", finaliza Sandro.
Agora, Sandro acompanhará à distância o desfecho dos novos confrontos entre Asa de Arapiraca e Palmeiras. Se o atleta não poderá ajudar a equipe como fez em 2002, pelo menos suas vibrações positivas serão encaminhadas ao Asa.
"Eu vou ser sincero, eu sempre torço para time pequeno. Eles precisam mais que time grande, então eu vou torcer para o Asa", conclui Sandro.