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Roger diz que 'volta para casa' e quer resgatar espírito vencedor do Grêmio

Ex-lateral esquerdo Roger Machado (e) comanda primeiro treinamento no Grêmio  - Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio
Ex-lateral esquerdo Roger Machado (e) comanda primeiro treinamento no Grêmio Imagem: Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

26/05/2015 17h30

Roger Machado assumiu o Grêmio nesta terça-feira (26). O treinador contratado para comandar o Tricolor até o fim do ano conheceu o elenco, observou um treinamento físico do qual não participou ativamente e posteriormente concedeu entrevista coletiva. E a identificação com o clube foi ponto principal no primeiro ato como chefe da comissão técnica. 

"Quando se tocou no que diz respeito a formação como cidadão e desportista, fiz quase toda no clube. Saí daqui com quase 30 anos, formado como homem e desportista. Voltar para casa é uma satisfação, um orgulho acima de tudo poder estar diante do comando desta instituição centenária que muito me ofereceu. Voltar para casa é uma satisfação e prazer enorme. Sei o trabalho e a responsabilidade que assumo neste momento. Mas tenho absoluta certeza de que podemos construir algo muito positivo e resgatar muita coisa, reviver muitas alegrias construindo um time competitivo e que nosso torcedor se identifique plenamente", disse o treinador. 
 
Com 40 anos, o treinador chega com o auxiliar Roberto Ribas, que também já trabalhou no clube. Roger foi auxiliar técnico gremista de 2011 a 2014. Depois comandou Juventude e Novo Hamburgo. Como atleta, foi multicampeão também vestindo azul, branco e preto. Ganhou Libertadores, Brasileirão, três Copas do Brasil, quatro Gaúchos e Recopa. 
 
"Com relação a formatação de equipe e estilo, comportamento tático que adotaremos, o mais importante é conseguir, antes de qualquer esquema tático, identificar dentro das características dos jogadores o modelo mais adequado para explorar todas as capacidades. Mais do que o modelo tático, formatar comportamentos dentro de campo que nos permitam vencer. Hoje se fala na modernidade do futebol, mas sabemos que o moderno é conseguir ser intenso, estar concentrado, moderno é conseguir aplicar todo seu talento técnico, físico, atlético por um objetivo coletivo", explicou. "Temos que resgatar a relação com torcedor. Fazer a energia das arquibancadas que cobram muito, nosso combustível. Fazer os jogadores renderem o melhor para o clube", completou. 
 
O restante da comissão técnica é formado por Rogério Dias Luiz como preparador físico, Rogério Godoy como preparador de goleiros e James Freitas, que comandava a equipe de forma interina, agora como auxiliar. 
 
"O Grêmio busca sua identificação cultural e entende que o Roger terá condição de fazer isso. Com o conjunto, a cultura, a bagagem... Teremos nele um comandante que venha aqui e possa vencer no nosso clube", afirmou o presidente Romildo Bolzan Júnior. 
 
Roger já comandará o Grêmio no próximo domingo contra o Goiás. E até o final de semana, a direção pretende anunciar reforços que já passam pela análise dele. 
 
Confira as demais respostas de Roger na coletiva:
 
RETORNO AO GRÊMIO
O que eu identifiquei há dois anos quando tomei a decisão de deixar o cargo de auxiliar técnico foi justamente porque entendia que devia cumprir esta etapa final da construção da carreira que era ser o comandante principal das equipes que eu queria trabalhar. Realmente há uma diferença entre ser auxiliar que cumpre temporariamente uma função e gerir um grupo, administrar, fazer um planejamento. Há uma distância. Durante o período que estive no mercado pude ter a experiência que me agregou muito para este momento.
 
CONHECE OS BASTIDORES DO CLUBE
Eu trago dentro de mim o DNA de cria da casa. Isso me permite identificar com clareza e facilidade o que o torcedor deseja ver no time do Grêmio. A forma que gostariam de ver sua equipe se comportando em campo. Esta vantagem tenho por ter vivido todos os anos praticamente de minha trajetória profissional aqui dentro. Agregado ao conhecimento externo que construí, seja na faculdade ou fora, me permitem a capacidade de fazer uma leitura adequada, precisa e rápida para intervir quando necessário. 
 
FORMAÇÃO COMO TÉCNICO
Tenho no meu DNA parte dos times pelos quais passei e foram vitoriosos. O que me recordo dos times é que jogávamos bom futebol sim, mas nos entregávamos até o fim. Nos doávamos muito, tinha muita vontade de vencer. Vou cobrar que se jogue um bom futebol, sim. Mas ter a capacidade de poder ter intensidade, como é o que o torcedor deseja. Minha característica no vestiário, por vezes tenho a fala mansa, consigo discernir bem os momentos. Mas quando preciso também é importante não alterar a voz simplesmente, mas ter comando forte para que as coisas andem sempre bem. Minha personalidade é do diálogo, mas sou incisivo quando necessário. 
 
PRIMEIRO TREINO
Queria ver no gramado, poder fazer algum tipo de leitura. Poder estar próximo dos atletas para que sintam que estou presente e a partir deste momento buscamos uma unidade. Estou ansioso pelo dia de amanha e conseguir efetivamente ter contato mais próximos com a bola. 
 
PALAVRA DE ORDEM IMEDIATA
Trabalho, trabalho e trabalho. Não vejo outra definição melhor do que trabalhar muito para que os resultados aconteçam. De forma intensa, correta, mas trabalhar bastante. É a palavra de ordem. 
 
NÃO TER SIDO A PRIMEIRA OPÇÃO
Sobre não ter sido a primeira opção, vou dizer é que me enquadrei nos requisitos estabelecidos pela direção, que não foram poucos. Por isso só eu já fiquei muito feliz. 
 
COBRANÇA POR RESULTADOS
A cobrança é sobre o mais renomado e o mais jovem. Futebol demanda esta exigência. O torcedor ficou feliz pelo meu retorno. Mas sei que a partir de agora serei cobrado pelos resultados que conseguir. Saí do campo mas não do futebol. Essa vivência me dá a segurança de saber que é isso que nós todos escolhemos para fazer e sabemos disso. Os resultados imediatos e as conquistas imediatos é que fazem o brilho do futebol. O imediatismo de hoje você não estar bem e amanhã conquistar coisas importantes, tudo mudando de figura. Tenho crédito porque sou respeitado pelo torcedor, mas não tenho dúvida que serei cobrado igual a todos os demais profissionais que aqui estiveram.
 
FORMA DE JOGAR
A medida que o time tem, hoje, um jeito de jogar, parte disso ou muito disso é em função das características dos jogadores. Detalhes de comportamentos que quero desenvolver no time, mais do que esquema, forma e modelo que desejo ver o time jogando é construção de dia a dia. Será implementado gradativamente. No fim de semana, obviamente, algo já se poderá ver. 
 
DOIS MESES DEPOIS DAS QUARTAS DO GAUCHÃO, ASSUMIR O GRÊMIO
Sinceramente, dois meses depois, não. Mas se talvez retroceder um pouco e pegar minha entrevista de saída do clube, eu disse naquele período de que muito do que me movia era trabalhar e me capacitar para voltar. Desde então eu planejo este retorno. Mas sinceramente eu confesso que dois meses depois não. Tinha um prazo mas será guardado para mim.