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Aidar demite gerente de futebol e começa reformulação no São Paulo

Gustavo (dir.) assumiu em 2013 e completaria dois anos no cargo. Política pesou - Site Oficial / saopaulofc.net
Gustavo (dir.) assumiu em 2013 e completaria dois anos no cargo. Política pesou Imagem: Site Oficial / saopaulofc.net

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo*

27/05/2015 13h16

O presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, demitiu nesta quarta-feira o gerente de futebol Gustavo Vieira de Oliveira, braço-direito do vice Ataíde Gil Guerreiro e executivo de futebol do clube há quase dois anos. O UOL Esporte tentou contato com Gustavo, mas não obteve sucesso. Segundo pessoas próximas ao presidente, o favorito à vaga é José Eduardo Chimello, gerente de futebol do Ituano. 

"Fui informado de que o futebol terá novos rumos, rumos esses dos quais eu não me vejo parte. São valores pessoais que preservo, carrego comigo, e que serão mantidos em sigilo", falou Gustavo Vieira de Oliveira, na tarde de quarta-feira, no CT da Barra Funda. "Agradeço muito ao São Paulo, que me ofereceu essa oportunidade. Ao grupo de atletas, parceiros nessa guerra diária que é o futebol. São Paulo me deu a oportunidade de uma experiência gigante na minha vida. Agradecimento especial da família, que ela fica segregada e negligenciada no processo", falou o agora ex-gerente de futebol.

Os motivos da demissão, segundo dirigentes do São Paulo, são os velhos conhecidos internamente. Desde agosto de 2014 Gustavo passava por processo de fritura no Morumbi. O presidente Carlos Miguel Aidar tirou do clube muitos daqueles que tinham ligação com Juvenal Juvêncio quando iniciou a guerra política contra o antecessor. Na alta cúpula e longe do departamento de futebol, porém, havia críticas técnicas ao trabalho do gerente. Segundo dirigentes, Gustavo não tinha domínio sobre o elenco e não conseguia dialogar com os jogadores. 

A demissão de Gustavo ainda contraria a própria contratação de Osório. Partiu do gerente e de outros membros do departamento de futebol o estudo de perfil que apontou o nome de Juan Carlos Osorio para treinar o São Paulo dentro do planejamento traçado - de verticalização do profissional à base, com formação de atletas. Gustavo colheu informações sobre o colombiano e montou um dossiê sobre o técnico que, mais tarde, viria a ser o sucessor de Muricy Ramalho. Parte da diretoria do São Paulo, porém, contraria que tenha partido do futebol a indicação. 

Na Colômbia, porém, Gustavo não participou das conversas e das negociações com Osorio. Aidar e Ataíde Gil Guerreiro foram a Medellín para conhecer pessoalmente o treinador, com quem conversaram. O gerente ficou alheio ao andamento do negócio.

Favorito para a vaga, Chimello seria contratado por ser um nome de confiança de Aidar. Antes, Gustavo tinha a confiança de Ataíde, mas não a do presidente. José Eduardo Chimello trabalhou no São Paulo ainda na gestão anterior de Aidar, entre 1984 e 1988. Procurado, Chimello afirmou desconhecer a possibilidade: "Eu não estou sabendo de nada. Como não sei, não posso falar nada sobre isso".

Gustavo Vieira de Oliveira, filho do ex-meia Sócrates, durante anos prestou assessoria jurídica ao São Paulo ainda na gestão de Juvenal Juvêncio. Depois da queda do diretor de futebol Adalberto Baptista, em 2013, ele assumiu como gerente. Antes de assumir como gerente de futebol no São Paulo, Gustavo Vieira de Oliveira era sócio de escritório partilhado com José Francisco Manssur e Carlos Eduardo Ambiel. O primeiro foi assessor de Juvenal Juvêncio e hoje exerce papel de liderança na oposição política. O segundo, advogado do São Paulo por muitos anos, também foi sacado por Aidar. 

A demissão de Gustavo Vieira de Oliveira atende a um plano de reformulação do departamento de futebol traçado por Carlos Miguel Aidar e publicado pelo UOL Esporte ainda no fim de março. As mudanças, no entanto, estavam condicionadas à saída de Muricy Ramalho. Nas próximas semanas o presidente deve fazer mais cortes.

Na diretoria, fala-se que um dos próximos pode ser Junior Chávare, que assumiu como executivo das categorias de base, em Cotia, no fim de 2014. O presidente Carlos Miguel Aidar cogita oferecer ao interino Milton Cruz, hoje coordenador técnico na Barra Funda, o cargo de Chávare - este foi contratado por Ataíde e Gustavo, e não tem a confiança do presidente.