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Investigação do FBI contou com escuta de ex-dirigente corrupto da Fifa

Blazer ao lado de Blatter, em 2011, quando ainda era secretário-geral da Concacaf - AP
Blazer ao lado de Blatter, em 2011, quando ainda era secretário-geral da Concacaf Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

27/05/2015 18h11

O FBI contou com o apoio de um ex-membro do comitê executivo da Fifa na investigação que resultou na operação desta quarta-feira, responsável pela prisão de sete cartolas, incluindo José Maria Marin. Desde 2011, a polícia federal americana usou os serviços de Chuck Blazer, secretário-geral da Concacaf entre 1990 e 2011. O ex-dirigente, segundo informações do New York Daily News, utilizou até uma escuta durante uma reunião com outros membros da entidade máxima do futebol.

Blazer começou a cooperar com o FBI ainda em 2011. Em novembro daquele ano, o dirigente norte-americano foi detido pela polícia federal, em Nova York. Na ocasião, aceitou colaborar com as investigações em troca da liberdade. 
 
No ano seguinte, Blazer, a pedido do FBI, marcou uma reunião com outros dirigentes do alto escalão. A ideia era tentar captar elementos e provas de corrupção. O dirigente relutou, mas acabou cedendo à pressão. Na ação, usou uma escuta colocada em um chaveiro disfarçado. 
 
No encontro, estavam Alexey Sorokin, chefe da candidatura da Rússia pela Copa de 2018, Frank Lowy, executivo da candidatura australiana pelo Mundial de 2022, entre outros. O húngaro Peter Hargitay, conhecido conselheiro de Blatter, também participou da conversa.
 
Meses depois, em maio de 2013, Blazer foi suspenso por 90 dias pela Fifa, sob a alegação de ter recebido mais de US$ 20 milhões da Concacaf durante 20 anos. Em agosto, porém, a entidade suspendeu suas investigações sobre o ex-membro de seu comitê executivo.
 
Como argumento para tornar Blazer um colaborador, o FBI usou o fato de o dirigente ter sonegado impostos de 1992 a 1998, em valores tratados pela reportagem como "alguns milhões de dólares". Neste período, o executivo teve participação atuante na organização da Copa de 1994 nos EUA e na fase de maior sucesso da seleção feminina do país.
 
No fim do ano passado, Blazer, distante do futebol desde a suspensão da Fifa, foi abordado pela reportagem do New York Daily News em uma clínica nos arredores de Nova York, onde faz tratamento de um câncer. Na oportunidade, o ex-dirigente disse que "não poderia falar" sobre o assunto.