Topo

Mortes em Itaquera seguem sem culpados nem laudo oficial após um ano e meio

Um guindaste tombou derrubando uma peça metálica da cobertura da arena e vitimando dois operários - Helio Torchi/Estadão Conteúdo
Um guindaste tombou derrubando uma peça metálica da cobertura da arena e vitimando dois operários Imagem: Helio Torchi/Estadão Conteúdo

Roberto Oliveira

Do UOL, em São Paulo

27/05/2015 06h00

No dia 27 de novembro de 2013, o tombamento de um guindaste que erguia a última peça da cobertura metálica da Arena Corinthians vitimou dois operários: Fábio Luiz Pereira e Ronaldo Oliveira dos Santos.

Exatamente um ano e meio depois, o acidente ainda não tem laudo oficial e segue sem culpados. Mas a Justiça acatou denúncia que o Ministério Público apresentou contra seis réus após conclusão de inquérito policial.

O laudo oficial ficou sob responsabilidade do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), que foi designado pelo Ministério do Trabalho para conduzir a perícia dos motivos que teriam causado o acidente.

Em contato com a reportagem, a assessoria de comunicação do IPT afirmou que o laudo oficial ainda não foi concluído por causa da complexidade técnica da investigação. O Instituto ainda garantiu que ele será divulgado até o fim do primeiro semestre de 2015.

Outros três laudos extraoficiais, porém, já foram concluídos desde o ano passado. Dois deles, conduzidos por um professor da UFRJ e pelo Instituto de Criminalística de São Paulo, concluíram pelo afundamento do solo. Enquanto o terceiro, produzido por um professor de engenharia da USP, apontou falha na operação do guindaste.

Sem o laudo oficial, o delegado Luiz Antonio da Cruz, titular do 65º distrito policial, no bairro de Artur Alvim, utilizou o laudo do Instituto de Criminalística para finalizar o inquérito policial em setembro do ano passado.

Com efeito, nove pessoas foram indiciadas: sete ligadas à Odebrecht, construtora responsável pela obra, e duas à Locar, empresa contratada responsável pela operação do guindaste a que eram vinculados os dois operários mortos.

Em março desse ano, a Vara Criminal do Foro Regional de Itaquera aceitou a denúncia do Ministério Público e abriu processo contra seis dos nove responsáveis apontados pelo inquérito policial.

Mas o processo está sob segredo de Justiça e tramita em 1ª instância ainda em fase inicial. Nem os indiciados nem possíveis testemunhas foram ouvidos pela Justiça, além de nenhuma prova pericial ter sido apresentada até então.

O acidente com o guindaste na Arena Corinthians resultou no atraso da entrega do estádio, que sediou a abertura da Copa do Mundo. A arena, cuja primeira partida havia sido programada para janeiro de 2014, só recebeu o jogo inaugural em maio, apenas um mês antes do início do Mundial.

Em tempo: em março de 2014, outro operário, Fabio Hamilton da Cruz, ainda morreu no canteiro de obras ao cair de uma altura de 15 metros.