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Blatter lidera, mas príncipe consegue forçar 2º turno em eleição da Fifa

Do UOL, em São Paulo

29/05/2015 14h00Atualizada em 29/05/2015 14h35

O maior escândalo da história do futebol parece ter influenciado as eleições para a presidência da Fifa. Considerado favorito absoluto para vencer no primeiro turno, o atual mandatário Joseph Blatter liderou a rodada inicial de votações, mas não conseguiu o resultado necessário para encerrar a disputa contra o príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein em pleito disputado nesta sexta-feira (29), em Zurique, na Suíça.

Blatter teve 133 dos votos das 209 federações nacionais pertencentes ao quadro da Fifa. Já Hussein contou com apenas 73. Para que um vencedor fosse definido já no primeiro turno, eram necessários dois terços dos votos, ou seja, 140 indicações. Com o resultado, todos os eleitores voltarim à cabine de votação. Voltariam porque não foi necessário, já que o príncipe desistiu da disputa.

A eleição desta sexta-feira foi marcada por muita turbulência. Manifestantes ocuparam rua próxima da sede da Fifa com mensagens contra a reeleição de Blatter. Duas mulheres interromperam um discurso do mandatário no início das atividades do congresso, protestando contra os dirigentes e a favor da Palestina, e foram retiradas rapidamente. Para completar o tumulto, uma falsa ameaça de bomba movimentou a polícia suíça.

Ambos os candidatos fizeram um discurso final antes da primeira rodada de votação. Blatter defendeu a continuidade de sua gestão e se apresentou como o "candidato experiente" para lidar com a crise que atinge a Fifa.

“Nós não precisamos de revolução, mas sempre precisamos evoluir. Estou sendo responsabilizado pela atual situação. Certo, vou assumir isso. Aceitarei a responsabilidade de corrigir a Fifa, junto com vocês”, disse Blatter. “Quero fazer isso agora, amanhã. Então poderei encerrar meu mandato e dizer que entreguei uma Fifa que atravessou uma tempestade".

Já Hussein defendeu a necessidade de mudança nos quadros da entidade após as várias denúncias de corrupção para que a Fifa possa recobrar sua credibilidade perante o mundo.

“Os olhos do mundo estão sobre nós, mas não pela primeira vez. Mas desta vez, todas as coisas estão em risco. Somos os guardiões do jogo, um jogo que tem o poder de unir. Ouvimos que nossa organização está moralmente falida. Mas mesmo as noites mais escuras são interrompidas por um novo amanhecer”, disse Hussein. "Vai demorar para um líder comprometido consertar essa bagunça em que estamos. Não vou esconder que as coisas estão ruins. Mas vou inverter essa pirâmide”.

A CBF foi representada no congresso da Fifa pelo presidente da Federação cearense, Mauro Carmélio. Presidente da entidade máxima do futebol brasileiro, Marco Polo Del Nero abandonou a Suíça na última quinta-feira e retornou o Brasil para acompanhar a sequência das investigações do caso de corrupção.

Apesar de não ter o nome citado no relatório do FBI, Del Nero aparentemente é um dos suspeitos listados nos documentos montados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Em dois arquivos um dos suspeitos é descrito como membro do alto escalão da Fifa, da Conmebol e da CBF, credenciais que batem com as de Del Nero. As ações desse personagem reforçam indícios de participação do atual chefe do futebol nacional no esquema de corrupção.