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Cartola palestino ignora protestos e retira pedido de suspensão de Israel

Do UOL, em São Paulo

29/05/2015 10h39

A eleição para a presidência da Fifa não era o único tema polêmico avaliado pelo congresso da entidade, que ocorre nesta sexta-feira, em Zurique. Todos os países afiliados também votariam o pedido da Palestina da suspensão de Israel de competições internacionais, mas a solicitação foi retirada de última hora pelo presidente da federação Jibril Rajoub.

O dirigente palestino afirmou que uma possível suspensão de Israel traria prejuízos ao futebol, mas pediu que a Fifa tome atitudes para monitorar a situação dos jogadores na região e chegou ao mostrar um cartão vermelho ao "racismo e à discriminação". Entre as soluções propostas, foi aprovado um comitê internacional para monitorar a liberdade dos atletas palestinos.

“Eu vejo o dia em que os palestinos, assim como muitos outros, aproveitarão os benefícios do futebol. Deixem-nos seguir adiante e ser otimista. Agradeço quem me convenceu a desistir da suspensão [de Israel], a presidente alemã falou comigo, isso me afetou”, afirmou Rajoub.

O presidente da Federação israelense Ofer Eini agradeceu ao colega palestino e se propôs a trabalhar em conjunto para erradicar os problemas existentes na região.

“Não quero apontar dedos para os palestinos. Deixem os políticos fazem política. Quero que trabalhemos juntos, quero cooperar com vocês. Quero abraça-lo, para que o futebol construa uma ponte. Quero convida-lo a se juntar a mim e me dar a mão”, afirmou Eini.

Rajoub, porém, se recusou a subir no palco junto ao colega israelense até que as questões propostas fossem votadas, criando uma enorme ‘saia justa’ a Blatter e a Eini (que deixou o palco visivelmente constrangido).

Blatter tentou evitar se envolver questões políticas, mas concordou em colocar em votação a criação do comitê internacional para acompanhar o caso – aprovado por 90% dos presentes. Só então os dirigentes palestinos e israelenses deram as mãos.

A desistência da solicitação palestina ocorreu apesar de diversos protestos na porta da Fifa, que pediam pela suspensão de Israel. Duas mulheres chegaram a invadir o congresso com uma bandeira da Palestina e interromperam discurso inicial de Blatter.

Membro da Fifa desde 1998, a Palestina pedia a exclusão de Israel de competições internacionais, alegando um "comportamento racista contra os árabes", no que diz respeito, principalmente, a restrições no deslocamento de atletas palestinos.

Também denunciava a criação de "cinco clubes em colônias implantadas em terras ocupadas desde 1967, clubes que participam nos campeonatos nacionais israelenses em violação ao direito internacional".

Para jogar, a seleção palestina precisa enfrentar vários obstáculos para se deslocar, por causa dos 'checkpoints' na Cisjordânia ocupada e interdições de circular entre Cisjordânia e faixa de Gaza. Alguns jogadores, inclusive, chegaram a ser presos, por suspeitas de pertencer a grupos armados.