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Del Nero diz que não sabia de nada e que não deixará presidência da CBF

Vinicius Konchinski

Do UOL, em Rio Janeiro

29/05/2015 12h03

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, disse que seguirá no comando da entidade controladora do futebol do Brasil. O cartola concedeu uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (29) para falar das investigações do FBI (polícia federal americana) que culminaram na prisão de sete membros da Fifa na Suíça, entre eles o ex-presidente da confederação brasileira, José Maria Marin, seu amigo pessoal.

À frente da CBF desde abril, Del Nero disse que não há motivos para renúncia. "Renúncia não existe comigo. Até porque não há nenhuma razão para que eu venha a renunciar. Não tenho nada a ver com isso", assegurou.

Vice-presidente da CBF durante a gestão de José Maria Marin, Del Nero negou ter alguma participação nas negociações suspeitas que teriam sido feitas durante a gestão de seu antecessor. Em um tom determinado, ele pediu a palavra antes de jornalistas fazerem qualquer pergunta para afirmar que a CBF vai colaborar com toda e qualquer investigação. Ressaltou ainda que ele não tem o que explicar.

"Eu não sabia, não tinha conhecimento de nada. Nunca assinei nada", destacou. "A função do vice é colaborar com o presidente naquilo que ele solicita. Vice-presidente não manda, ele cumpre. Exatamente como um diretor. E eu procurava ser um bom diretor."

Del Nero ainda negou ser o suspeito cujo nome não foi divulgado pelo FBI, o qual teria dividido com Marin US$ 2 milhões em propinas em negociações dos direitos da Copa do Brasil. Segundo o FBI, o suspeito é um alto dirigente da CBF, Conmebol e membro do Comitê Executivo da Fifa --mesmas credenciais de Del Nero. Sobre o assunto, o presidente da CBF foi taxativo: "Eu não sou, porque eu não recebi nada, nem receberia. Não sei (quem é). Tem que perguntar para o investigador."

Del Nero também confirmou que a CBF vai rever todos os seus contratos para verificar possíveis irregularidades. De acordo com investigações dos EUA, a corrupção na CBF aconteceu em negociações desses acordos. "Nós temos que analisar todos os contratos. Nós não podemos dizer que esses contratos são ruins ou péssimos para a CBF. Nós temos que analisar e é isso que está sendo feito."

Volta às pressas e entrevista

Marco Polo Del Nero foi para Suíça na quarta-feira (27) para participar do 65º Congresso Técnico da Fifa, que termina nesta sexta-feira (29) com a eleição para escolher o presidente da principal instituição do futebol mundial. Porém, o cartola brasileiro deixou Zurique na quinta-feira (28), antes da cerimônia de votação.

"Quando eu pensei em me ausentar por conta da situação grave que estava ocorrendo com a prisão do Marin, eu conversei com dirigentes da Conmebol, informando da necessidade de eu voltar ao meu país para poder me explicar seja lá onde for, no Ministério da Justiça, Polícia Federal, Procuradoria Federal... Enfim, todos os setores que necessitarem de uma explicação, nós vamos dar", disse.

Ele chegou ao Rio de Janeiro nesta manhã. Horas depois, já estava na sede da CBF, onde falou com jornalistas ao lado de diretores da entidade. Na entrevista, não foram expostas marcas de patrocinadores da confederação, como é habitual. Segundo a CBF, isso ocorreu porque a entrevista foi organizada às pressas.