Del Nero se diz triste por Marin, mas distancia-se do antecessor na CBF
O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero, voltou ao Brasil nesta sexta-feira (29) disposto a trabalhar exaustivamente para retirar sobre a entidade qualquer suspeita de participação no esquema internacional de corrupção no futebol revelado na quarta-feira pelo FBI (polícia federal americana). Em entrevista coletiva nesta manhã, Del Nero disse que a CBF prestará todo esclarecimento necessário e todos os atuais diretores da entidade provarão ser inocentes.
Del Nero, contudo, fez uma observação relevante ao ratificar a correção dos membros da CBF. O atual presidente frisou que referia-se somente aos diretores da confederação em exercício "neste momento" --situação na qual não encontra-se mais o ex-presidente da CBF e antecessor de Del Nero, José Maria Marin.
Marin presidiu a CBF por dois anos. Ele foi preso na quarta-feira, em Zurique, na Suíça, acusado de ter recebido propinas em negociações de contratos de diretos sobre a Copa do Brasil e a Copa América. No mesmo dia, a Fifa baniu Marin do futebol --em decisão provisória. A CBF, então, o afastou da entidade. Até quarta, ele ainda era vice-presidente.
Del Nero é amigo pessoal do ex-presidente da CBF e trabalhou muito próximo a ele enquanto Marin comandou a entidade. Ele disse estar perplexo e triste com a prisão do colega. Na entrevista coletiva, porém, Del Nero não falou sobre a conduta de Marin. Limitou-se a declarar que desconhecia qualquer ilegalidade do cartola.
"Eu não sabia de nada. Não tinha conhecimento em hipótese nenhuma de propina", afirmou De Nero, sobre as suspeitas contra Marin. "É triste. A gente presta solidariedade ao ser humano, ao amigo, mas tenho que continuar exercendo minha função de presidente."
Nesta função, Del Nero deu seu aval à retirada do nome de Marin da fachada da sede da CBF, no Rio de Janeiro. Sob o comando de Del Nero, a CBF também ainda não prestou qualquer auxílio jurídico ao seu ex-vice-presidente.
"A Conmebol (confederação sul-americana de futebol) já presta assessoria jurídica a Marin", justificou Del Nero. "A diretoria da CBF ainda vai discutir se também faremos. Temos que aguardar os acontecimentos."
Marin permanece preso na Suíça. O ex-presidente da CBF ocupa uma cela especial e individual enquanto espera uma decisão sobre sua extradição para os Estados Unidos, país em que ele e outros dirigentes do futebol mundial estão sendo investigados. Na Suíça, a mulher de Marin o acompanha.
Del Nero está no Brasil e diz que aqui seguirá. A partir agora, ele vai se dedicar a defender-se e defender a CBF em qualquer órgão que legalmente tenha direito de investiga-lo ou investigar a entidade. O atual presidente da CBF também é suspeito de ter recebido propinas nas mesmas negociações as quais Marin participou. Del Nero nega ter cometido irregularidades.
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