Escândalo põe em xeque reeleição de Blatter que era dada como certa
Joseph Blatter era dado como favoritíssimo, no início da semana, à disputa presidencial da Fifa. Mas as eleições desta sexta-feira na sede da entidade, em Zurique, na Suíça, tomaram novos rumos após a prisão de sete dirigentes em meio a acusações de corrupção no futebol e ações de opositores ao suíço. A vitória do príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein agora é encarada como possível.
A mudança no cenário se deve muito a força que a Uefa, a Confederação Europeia, impôs na quinta-feira ao se posicionar inteira a favor do príncipe, e ainda lutar pela conquista de mais votos no congresso realizado pela Fifa na véspera do pleito.
A missão da Uefa é ingrata, pois anteriormente ao escândalo da corrupção cinco confederações manifestaram publicamente intenção em apoiar Blatter.
Ao todo, 209 dirigentes poderão votar. A África tem a maior bancada: 54 participantes. A Uefa vem logo atrás com 53 dirigentes. As demais confederações têm a seguinte composição: Ásia (46 votos), Concacaf (35 votos), Oceania (11 votos) e Conmebol (10 votos).
O cálculo da Uefa é de fazer a favor de Ali todos os votos da Confederação. A partir daí, a crença na vitória é de que haja um alto número de votos nulos e uma porcentagem ao redor de 40% no total já seja o suficiente para o vencedor.
"Imaginávamos 40, 45 votos. Agora já vejo 55 vindo de outros continentes. Não sei se temos força para a vitória, mas a esperança existe", Michel Platini, o presidente da UEFA.
O príncipe Ali usou a semana em Zurique para conquistar votos e também foi aos congressos das Confederações Sul-Americana e Asiática. Nelas, a maioria por Blatter sempre foi escancarada.
O Presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, por exemplo, tinha avisado no começo de maio que a Conmebol seria “Blatter em peso”. Só que na conjuntura atual, a desistência do mandatário de participar da eleição é vista por dirigentes de outros países como enfraquecimento do suíço – o Brasil ainda tem direito a voto através de outro representante da Confederação.
A tarefa mais difícil do príncipe parece mesmo ser a de mudar a cabeça dos representantes asiáticos: “A AFC [Confederação Asiática] reitera sua decisão tomada no congresso em São Paulo em 2014, e avalizada nos congressos posteriores em Melbourne e Manama, em 2015, de apoiar o presidente da Fifa Joseph S. Blatter", é a nota dos asiáticos nesta semana em Zurique.
Já a Concacaf virou uma incógnita quando nesta quarta-feira, Confederações dos Estados Unidos e do Canadá abriram os votos a favor do príncipe jordaniano.
O cálculo de momento é de que Blatter já tem 100 votos garantidos entre Ásia e África. Enquanto isso, Ali caminha com os 53 da Europa, mais três vindos de Canadá, Estados Unidos e Austrália.
Assim, restariam apenas 59 votos. É dizer: para a vitória do príncipe, ou quase a totalidade restante precisa ser sua, ou alguns os votos “garantidos” de Blatter precisam ser no mínimo anulados.
Como a eleição é sigilosa, muitos dirigentes trabalham com a possibilidade de que um considerável número de anulação aconteça. O voto é em urna eletrônica e o pleito previsto para as 10h de Brasília deve ter apenas meia hora de duração segundo a Fifa.
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