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Quem é o príncipe que pode encerrar a era Blatter após 17 anos?

Príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein, rival de Joseph Blatter em eleição da Fifa - Dave Thompson/Getty Images
Príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein, rival de Joseph Blatter em eleição da Fifa Imagem: Dave Thompson/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

29/05/2015 00h01

A reeleição de Joseph Blatter era dada como certa desde que ele ainda tinha cinco concorrentes. Quando passou a ter só um rival, ninguém duvidava que ele teria mais um mandato como presidente da Fifa. Só que o estouro do maior escândalo da história do futebol balançou os alicerces da entidade que domina o esporte e colocou o cartola todo-poderoso em risco. E quem pode derrubá-lo é um príncipe jordaniano que até outro dia era um desconhecido do grande público.

Ali bin Hussein, aos 39 anos de idade, é hoje a principal esperança de quem acredita que o futebol estará melhor longe das mãos de Blatter. O problema é que ninguém sabe exatamente o que ele fará se forem suas a mãos que estiverem no comando. Seu principal cabo eleitoral, Michel Platini, também não ajuda.

“O Ali é novo (39 anos), é ambicioso e por isso daremos nosso suporte a ele. Ele pode fazer coisas boas e não precisa de dinheiro", disse o francês, presidente da Uefa, esquecendo-se de que idade e situação financeira não são, por si só, qualidades administrativas.

Quem é, de onde vem?
Bin Hussein é cartola por opção e oportunidade familiar. Seu pai, Hussein bin Talal, foi rei da Jordânia de 1952 a 1999. Seu irmão, Abdullah II bin al-Hussein, herdou o país do Oriente Médio do pai. Ao hoje candidato à presidência da Fifa coube a segurança do país, que ele comanda diretamente desde 2008, tendo servido durante nove anos na Guarda Real antes disso.

Nas horas vagas, Ali bin Hussein investiu no futebol. Presidente da federação de futebol local, ele participou da criação da Federação de Futebol do Oeste Asiático, criada em 2001 como uma subdivisão da AFC (Confederação Asiática de Futebol). Com contatos no continente, o cartola da Jordânia foi ampliando sua influência ao longo de uma década até dar o pulo do gato em 2011, quando conseguiu ser eleito vice-presidente da Fifa pela Ásia em um intrincado jogo de xadrez.

Bin Hussein foi eleito, vejam só, com o apoio de Joseph Blatter. O suíço queria, à época, diminuir a influência do sul-coreano Chung Mong-Joon, àquela altura um dos poucos membros do Comitê Executivo da Fifa que questionavam sua liderança.

Jogo de xadrez com Blatter
A Ásia era um ponto crucial na estratégia de Blatter, que um mês depois da eleição viu Mohammed Bin Hamman, presidente da AFC, anunciar que concorreria à presidência da Fifa. O qatari, que tinha Ricardo Teixeira entre seus aliados, caiu antes do pleito após ser pego oferecendo suborno a companheiros de Comitê Executivo da Fifa.

Ali bin Hussein seguiu fiel a Blatter por pelo menos mais dois anos. Em 2013, ele apoiou o candidato favorito do suíço na eleição da AFC, batendo o nome que era apoiado por Bin Hamman, a essa altura já defenestrado da cartolagem mundial.

O príncipe da Jordânia começou a mudar quando se aproximou de Michel Platini. Jovem, influente em um continente dominado por Blatter, e defensor de iniciativas ousadas (foi ele quem liderou a liberação do uso do hijab por jogadoras em campo), Bin Hussein virou a opção viável para o presidente da Uefa.

Mudança para Platini
Platini comanda uma confederação poderosa e influente, dona de 53 dos 209 votos – um a menos que a África, maior colégio eleitoral. Em um cenário em que poucos ameaçam o domínio de Blatter, ele sabe que precisaria acenar aos outros continentes para poder derrubar o atual mandatário. Por isso, apostou em Bin Hussein desde que o jordaniano lançou sua candidatura, no começo de 2015.

Nesta sexta, Platini prometeu todos os votos da Uefa em Bin Hussein. Aliados históricos de Blatter como a Conmebol e a Concacaf foram severamente afetadas pelo escândalo. Países-chaves, como EUA e Austrália, já manifestaram apoio ao príncipe. A dúvida é se esse apoio conseguirá vencer o sistema vigente.