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Há 17 anos, Oséas entrou na história do Palmeiras e abriu portas para sonho

Oséas, ex-atacante do Palmeiras; foi campeão da Copa do Brasil em 1998 - Antônio Gaudério/Folha Imagem
Oséas, ex-atacante do Palmeiras; foi campeão da Copa do Brasil em 1998 Imagem: Antônio Gaudério/Folha Imagem

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

30/05/2015 06h01

Foram milésimos de segundo entre os xingamentos e a explosão de comemoração. Menos de um segundo entre a confirmação do título e a temida disputa por pênaltis. Milímetros entre um travessão que poderia colocar a bola para fora e entre a consagração da bola bater na rede. Há 17 anos, no dia 30 de maio de 1998, com o título da Copa do Brasil, Oséas abria a porta para o Palmeiras conquistar o sonho de levantar a taça da Libertadores no ano seguinte.

Nos vídeos do jogo que terminaria em 2 a 0 contra o Cruzeiro, fica claro a dificuldade para entender como aquela bola entrou. O estádio demora um pouco a vibrar, os narradores tomam ar antes de iniciarem o grito de gol e até os jogadores olham duas vezes para dentro da meta de Paulo César para entender o que tinha acontecido.

No jogo de ida, o Cruzeiro havia vencido por 1 a 0 com gol de Fábio Júnior. Uma cabeçada no contrapé de Velloso foi o sinal para a multidão balançar o Mineirão. Na volta, o placar começou a ser construído justamente nos pés de Oséas. Com assistência para Paulo Nunes, ele deu esperanças aos palmeirenses que lotaram o Morumbi acreditando em mais um título para a coleção da Era Parmalat.

O placar era o suficiente apenas para levar a decisão do título para os pênaltis. E, na época, ainda sem Marcos como titular e consagrado neste tipo de disputa, a torcida não tinha tanta confiança em um final feliz.

Aos 44 minutos do segundo tempo, Zinho bateu uma falta de longe, da intermediária, contrariando um pedido do xerifão Cleber. O zagueiro, naquela altura do jogo, escolheu ficar ao lado da barreira cruzeirense e fez sinal para que o meio-campista não batesse na bola enquanto os adversários não ficassem na linha determinada pelo árbitro Sidrack Marinho. Sorte dos palmeirenses que Zinho preferiu bater.

Aí entrou a determinação de Luiz Felipe Scolari. O comandante exigia sempre que o atacante acreditasse até a última bola. E Oséas cumpriu. Também porque sabia que seu companheiro era excelente batedor de faltas e por perceber que qualquer bola que encostasse no chão poderia ser perigosa por causa da chuva.

Completamente sem ângulo e quase dividindo com o goleiro Paulo César, Oseás chutou rente à linha de fundo, viu a bola bater passar rente ao travessão e beijar a rede do alto, quase sempre intocável. Na comemoração, o artilheiro saiu correndo por toda a lateral balançando suas tranças e comemorando o feito que hoje é inesquecível para a torcida que ainda conquistaria outra Copa do Brasil em 2012.

O título sofrido resumiu a difícil trajetória alviverde na competição e mostra um treinador que sabe usar o atalho das competições. Logo na primeira fase, já havia sofrido com a desconfiança após um empate fora de casa por 1 a 1 com o Ceará. Em São Paulo, venceu por 6 a 1 e se credenciou para enfrentar o Botafogo. Para passar dos cariocas, contou com o critério de gol fora, marcado na derrota por 2 a 1 no Rio de Janeiro, para depois vencer por 1 a 0 em casa.

Em seguida, venceu o Sport fora, mas voltou a esbarrar no adversário ao empatar por 1 a 1 no Palestra Itália. Na semifinal, o time de Felipão passou mais uma vez por causa do critério de gols fora, após empatar por 1 a 1 em casa e por 2 a 2 na Vila Belmiro com o Santos.

Daquele time, todos já estão aposentados. Velloso e Alex viraram comentaristas, Roque Júnior, Cléber, Galeano e Zinho assumiram outras funções fora de campo no futebol e outros ainda vivem do nome que conseguiram na época de profissional para levar a vida até hoje.

FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 2 X 0 CRUZEIRO

Data: 30/05/1998
Local: Morumbi
Árbitro: Sidrack Marinho dos Santos
Público: 45.237
Gols: Paulo Nunes aos 12 min do 1º T; Oséas, aos 44 min 2ºT.
Cartões amarelos: Roque Júnior e Cléber (PAL) e Wílson Gottardo (CRU).

PALMEIRAS: Velloso, Neném, Cléber, Roque Júnior, Júnior; Galeano, Rogério, Alex (Arílson) e Zinho; Oséas (Pedrinho), Paulo Nunes (Almir).
Técnico: Luiz Felipe Scolari

CRUZEIRO: Paulo César, Gustavo, Marcelo Djian, Wílson Gottardo, Gilberto; Valdir, Ricardinho, Marcos Paulo, Elivélton (Giovanne); Bentinho (Caio) e Marcelo Ramos.
Técnico: Levir Culpi.