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Você vai se surpreender com os deputados que assinaram pela CPI do Futebol

Vicente Cândido é sócio de Del Nero e assinou o pedido de CPI do Futebol - Valter Campanato/Agência Brasil
Vicente Cândido é sócio de Del Nero e assinou o pedido de CPI do Futebol Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

02/06/2015 00h01

A relação dos deputados que assinaram o pedido de instalação da CPI do Futebol na Câmara conta com nomes surpreendentes. Entre 181 adesões conquistadas por João Derly (PC do B-RS), ex-judoca e hoje deputado federal, algumas figuras que possuem uma ligação muito próxima com o principal alvo da investigação, a CBF.

É o caso, por exemplo, do deputado Vicente Cândido (PT-SP). Ele foi um dos que assinou o requerimento já protocolado na secretaria da casa. Mas pode até ter alguma relação com os investigados. Ele é sócio de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, no escritório de advocacia em São Paulo que leva o nome dos dois: “Marco Polo Del Nero e Vicente Cândido Advogados".

Em sua campanha para deputado federal no ano passado, Cândido declarou ter recebido uma doação de R$ 100 mil do escritório. Ele foi vice-presidente da Federação Paulista de Futebol enquanto Del Nero esteve à frente da entidade. Sobre Del Nero recai a a suspeita de ser um dos co-conspiradores da ação na Justiça dos Estados Unidos que resultou, entre outras coisas, na prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin. Del Nero negou categoricamente que esteja envolvido.

Como parlamentar, Cândido acumula debates calorosos sobre a gestão financeira dos clubes contra o Bom Senso FC. O deputado já apresentou um texto pedindo a anistia de 90% das dívidas dos clubes de futebol. A estimativa é que girem na casa dos R$ 5 bilhões as dívidas das agremiações com o governo federal.

Marcelo Aro (PHS-MG) é diretor de “ética e transparência” da CBF. Assinou o requerimento de Derly. “Tenho todo o interesse nesta investigação”, disse ao UOL Esporte. Familiares de Aro já foram alvo da CPI do Futebol, no Senado, em 2001. A família do parlamentar ficou à frente da FMF (Federação Mineira de Futebol) de meados de 1960 até os anos 1990.

“Tenho interesse que haja investigação tanto como parlamentar como diretor da CBF. Internamente [na CBF], já submetemos diversos contratos ao Ministério Público e vamos contratar uma empresa para fazer a análise dos contratos e documentos”, explicou. “É preciso deixar bem claro que não são todos farinha do mesmo saco. É preciso separar o joio do trigo. Não se pode considerar que todas as pessoas que estão à frente da CBF estão envolvidos em irregularidades”, ponderou.

O baiano José Rocha (PR) é outro que aderiu ao pedido da CPI. Durante muito tempo, ele manteve ligações com a CBF e, em 2002, declarou doação de R$ 100 mil (em valores da época) para sua campanha a deputado federal.

O atual vice-presidente da CBF, Marcus Vicente também é deputado federal, do PP capixaba, e, assim como Cândido, também assinou o requerimento da CPI do Futebol na Câmara. Ele assumiu o cargo na confederação em abril, quando da posse de Del Nero. Em entrevista a uma emissora de TV do Espírito Santo, à época da eleição, Vicente explicou da importância de sua presença na CBF. “Muita coisa pode beneficiar o nosso Estado [Espírito Santo], como, por exemplo, na questão dos patrocínios e de capacitação e gestão dos clubes e da própria federação capixaba”, declarou à afiliada da TV Record no Estado.

Parlamentares com história nos campos de futebol do Brasil também ratificaram a instalação da CPI. É o caso do ex-goleiro Danrlei (PSD-RS) e ex-meia Deley (PTB-RJ) e o ex-árbitro Evandro Rogério Roman (PSD-PR). 

A CPI do Futebol na Câmara ainda não está confirmada. O presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) informou que tem até 30 dias para decidir o futuro da comissão. A do Senado, proposta por Romário (PSB-RJ) já está em fase de indicação dos membros para compor a comissão. Em 15 de junho, haverá uma reunião com todos os envolvidos para definição da pauta e dos procedimentos.