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Com acúmulo de CPIs na Câmara, investigação da CBF pode ficar só no Senado

João Derly, ex-judoca, pediu uma CPI na Câmara, mas não será possível - Daniel Brito/UOL
João Derly, ex-judoca, pediu uma CPI na Câmara, mas não será possível Imagem: Daniel Brito/UOL

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

03/06/2015 12h12

Está faltando entrosamento entre Senado e Câmara dos Deputados sobre a instalação de uma única Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as supostas irregularidades em contratos feitos pela CBF. Por causa de um erro no procedimento, os deputados podem ficar de fora da devassa que o Senado promete fazer na confederação.

O erro começou na coleta de assinaturas dos deputados para a instalação da CPI na Câmara. Na quarta-feira da semana passada, quando da prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, na Suíça, Romário (PSB-RJ) angariou 53 apoios entre os senadores para a comissão no Senado e protocolou o pedido na quarta-feira. João Derly (PC do B-RS) reuniu 181 assinaturas  de deputados e deu entrada na quinta-feira.

Mas, na Câmara, ela teve de entrar numa fila de outros 10 pedidos de instalação de CPI, porque só podem ser realizadas cinco simultaneamente. A Casa, atualmente, se dedica às CPIs da Petrobras, violência contra jovens negros e pobres, sistema carcerário brasileiro e máfia das órteses e próteses. Assim, o pedido de Derly emperrou.

Haveria uma solução política: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), permitir que a comissão para investigar o futebol furasse a fila e fosse instalada. Mas este não parece ser o cenário atual.

Enquanto isso, o requerimento de Romário no Senado já estava confirmado e com os primeiros passos já dados: datas para indicação dos membros, reuniões com Procuradoria Geral da República e órgãos do governo federal como Polícia Federal e Casa Civil. A primeira reunião com os parlamentares indicado pelas bancadas será em 15 de junho.

Só um pedido de CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) pode fazer com que os deputados participem da comissão. “Às vezes, pode ter sido um pouco de falta de conhecimento do regimento interno”, admitiu Derly, ex-judoca em primeiro mandato em Brasília.

Se Derly apresentasse um requerimento de CPMI, não teria de entrar na fila de CPIs que aguardam confirmação da mesa diretora para serem instaladas. “Já estamos colhendo as assinaturas de novo, só que esta semana está difícil, porque tem o feriado e as sessões plenárias não têm votação nominal, então o quórum é reduzido”, explicou o deputado.

Agora, Romário já faz um movimento para escantear os deputados da CPI. "A CPI será só no senado. Está havendo um movimento para que haja uma CPI mista, mas acho que será muito difícil. A nossa ideia é ter a primeira sessão da CPI já na segunda-feira e na Câmara ainda falta muita assinatura. Além disso, aqui no Senado não fomos atrás de recolher assinaturas para uma CPI mista", explicou Romário, em entrevista à "Rádio Estadão".

“Tem que dar a oportunidade para as duas casas debaterem, porque se ficar só no Senado, vai ter deputado aqui que não poderá opinar. CPMI é o melhor caminho”, defendeu Derly.