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Torcida, patrocinadores e até Galvão: seleção é 'ignorada' na Granja

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

03/06/2015 06h00

Um ano após a Copa do Mundo, a Granja Comary nem de longe lembra a casa da seleção brasileira que recebeu milhares de pessoas durante a preparação para o Mundial de 2014. Não bastasse a decepção em campo na última grande competição, o escândalo fora das quatro linhas com denúncias de corrupção afastou torcida, patrocinadores e até boa parte de equipes de imprensa que acompanham o dia a dia do time agora comandado por Dunga.

A chegada ao local sem a presença de torcedores, na manhã da última segunda-feira, iniciou uma rotina tão fria quanto o clima de Teresópolis e mostrou a mudança brusca em relação à rotina movimentada do último ano.

Ainda que se trate de uma competição menor, nem mesmo CBF e prefeitura de Teresópolis esperavam uma chegada desta maneira. Três viaturas policiais e mais duas de uma empresa de segurança particular acompanhavam o ônibus no trajeto Aeroporto Internacional do Rio-Granja. Na chegada, mais cinco carros da Polícia Militar cercavam as ruas próximas do centro de treinamento e faziam a escolta praticamente desnecessária.

Nos treinos da última terça, os primeiros com bola, nenhum torcedor se aproximou das grades do local para acompanhar. Repórteres, fotógrafos e cinegrafistas eram os únicos a observar as atividades do time de Dunga.

Dentro da Granja, até o movimento de patrocinadores era pequeno. Quase nulo. Somente a Michelin, que firmou contrato com a CBF recentemente, montou um stand no local para calibrar pneus dos poucos veículos presentes.

Segundo apuração da reportagem, outras duas empresas parceiras da confederação fariam ações promocionais durante o período de treinos, mas recuaram na ideia após os recentes escândalos no futebol mundial e a prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Outra mudança ocorreu nas estruturas de TVs. No entanto, desta vez por se tratar de um torneio menor. As transmissões de treinos e apresentações de programadas direto da Granja, neste ano, não ocorrem mais.

Em 2014, até mesmo Galvão Bueno chegou a ancorar o "Jornal Nacional", da TV Globo, do centro de treinamento de Teresópolis. Para a Copa América, a expectativa é que o narrador participe apenas das transmissões dos jogos no Chile.

E o movimento reduzido em torno da seleção não se observa apenas dentro da Granja Comary, mas também em parte da cidade que recebe a equipe. Pelo menos quatro comerciantes de Teresópolis consultados pela reportagem não sabiam da presença do time de Dunga na região.

“Eles estão aí? Mas sem o Neymar, então. Não vi ninguém falar nada. O movimento nem lembra outras épocas”, comentou o atendente Douglas Corrêa, que trabalha em uma lanchonete no centro da cidade, pontuando a ausência do craque do Barcelona, que só se juntará aos companheiros na segunda-feira, já em Porto Alegre.

Ainda sem sua principal estrela e longe dos holofotes, a seleção dará sequência aos treinamentos nesta quarta, com atividades em tempo integral – às 9h30 e às 15h30.

Após esta primeira semana de treinos na Granja, o time de Dunga encara o México no próximo domingo, em São Paulo. Na sequência, mais um amistoso: contra Honduras, em Porto Alegre, no dia 10. A estreia na Copa América será no dia 14, contra o Peru, em Temuco (Chile).