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Suíça investiga se jogo da seleção foi usado para pagar propina, diz jornal

Ramires tenta jogada no fatídico Brasil x Argentina. Jogo foi 1 a 0 para o time de Messi - MOWA PRESS
Ramires tenta jogada no fatídico Brasil x Argentina. Jogo foi 1 a 0 para o time de Messi Imagem: MOWA PRESS

Do UOL, em São Paulo

05/06/2015 18h57

O Ministério Público da Suíça está investigando se um amistoso entre Brasil e Argentina, em 2010, foi usado como fachada para um pagamento de propina, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com a publicação, as autoridades do país europeu acreditam que Ricardo Teixeira e Julio Grondona receberam dinheiro de empresários do Qatar por terem votado no país do Oriente Média como sede da Copa do Mundo de 2022.

Em 2010, empresários do Qatar teriam pago um valor três vezes maior do que o normal para que Brasil e Argentina se enfrentassem em Doha, capital do país. Oficialmente, o amistoso teria custado 4 milhões de euros para os árabes.

A suspeita é de que o dinheiro excedente tenha sido usado como propina para os presidentes das federações de Brasil e Argentina. Semanas depois do amistoso, Ricardo Teixeira e Julio Grondona votaram no Qatar como sede da Copa do Mundo de 2022, em uma eleição marcada por polêmicas e acusações de corrupção.

A investigação passa pela Kentaro, empresa que gerenciava os amistosos da seleção brasileira à época. A sede da companhia foi visitada pela polícia suíça na quarta passada, mesmo dia em que o escândalo de corrupção do futebol estourou com as sete prisões efetuadas em Zurique.

Ao jornal alemão Bild, um diretor da Kentaro, Philipp Grothe, confirmou as informações. “Como parte da investigação da procuradoria-geral, nós estamos cooperando e fornecemos os documentos relevantes”, disse o executivo.

A relação entre o amistoso de 2010 e a eleição do Qatar já foi investigada pela própria Fifa. Segundo o Estado de S. Paulo, a entidade considerou que não há relação concreta entre o pagamento (ainda que acima do valor de mercado) e a votação. De acordo com o Bild, porém, as autoridades suíças estão acompanhando o assunto de perto.

A investigação do país europeu é diferente daquela que está em curso nos Estados Unidos. Na semana passada, os procuradores americanos indiciaram 14 cartolas e prenderam outros sete, entre eles José Maria Marin, vice-presidente da CBF. Os cartolas foram detidos por fraude fiscal, crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados a propinas na venda de direitos de transmissão e negociação de votos em escolhas de sedes de Copa do Mundo.

Nenhum dos crimes identificados, no entanto, teve a ver com a votação para as Copas de 2018 e 2022. Na Suíça, que investiga os cartolas de forma paralela aos EUA, a eleição vencida por Rússia e Qatar é justamente o principal tema do caso aberto pelo Ministério Público.