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Frase de Marco Aurélio Cunha sobre futebol feminino gera polêmica: sexista?

Rafael Ribeiro / CBF
Imagem: Rafael Ribeiro / CBF

Guilherme Ceciliano

Do UOL, em São Paulo

15/06/2015 16h10

Marco Aurélio Cunha, coordenador de futebol feminino da CBF, causou polêmica nas redes sociais ao conceder uma entrevista para o jornal "The Globe and Mail", do Canadá, onde o Brasil disputa a Copa do Mundo, falando a respeito do crescimento da modalidade. Uma resposta fez com que o dirigente fosse acusado de ser sexista nas redes sociais.

"Agora as mulheres estão ficando mais bonitas, passando maquiagem. Elas vão a campo de uma maneira mais elegante. Futebol feminino costumava copiar o futebol masculino. Até nos modelos de camisa, que era masculino. Nós vestíamos as meninas como garotos. Então faltava o espírito de elegância, de feminilidade. Agora os shorts são mais curtos, os cabelos são bem feitos. Não são mulheres vestidas como homens", disse ao jornal canadense.

Em contato com o UOL Esporte, o Marco Aurélio Cunha disse que em momento algum foi machista em suas declarações e que foi interpretado de forma maldosa nas traduções da entrevista feita em inglês.

"Se quiser entender como machismo, é machismo. Estamos falando de esporte. Esporte não tem que se misturar com isso. Elas são mulheres e sendo mulheres. não é gênero, não é nada. são mulheres. Ou pode entender como uma forma diferente delas se apresentarem. O uniforme antigamente era horroroso, esta a nova camisa azul está sendo cobiçada por todo mundo. O que eu falei foi isso", explicou-se o dirigente.

Para Marco Aurélio Cunha, o fato das meninas terem um modelo desenvolvido especialmente para a modalidade é um avanço, uma vez que as camisas usadas antigamente eram idênticas às camisas usadas pelos homens. O dirigente inclusive exalta que a nova camisa vem sendo bastante solicitada pelo público feminino.

"Antes você tinha uma cópia literal do modelo masculino, hoje temos mulheres que são grandes jogadoras, que são lembradas, como a Marta, a Cristiane. Essas mudanças chocam as pessoas. Com o vôlei foi assim, o basquete foi assim. Tem quem interprete de foram diferente, mas hoje o futebol feminino é uma realidade", completou o dirigente.

Na linha do cartola, a ex-jogadora Márcia Taffael, hoje assistente técnica pontual da seleção, também disse que houve um erro na tradução da frase de Marco Aurélio e que todas as mudanças no visual da categoria são vistas de forma positiva pelas atletas.

"O uniforme antes era masculino. Eu já usei uma camisa ridícula, que a manga ia até o cotovelo. Estávamos (ela e Marco Aurélio) comentando como o uniforme mudou, como o corte é feminino, é adaptado. As meninas falaram que o uniforme azul é bonito, com corte legal, que cai bem. E eu não sei quem traduziu a entrevista que ele deu, mas não foi o que ele quis dizer. Ele quis dizer que está mudando, adaptando para o futebol feminino. Quando eu li, eu entendi o que ele quis dizer, traduziram errado para causa polêmica e a gente não quer que isso ocorra", disse.

O modelo azul em degradê que vem sendo usado pelas meninas do Brasil também foi elogiado pela lateral Tamires, titular da equipe na Copa do Mundo.

"Eu particularmente gostei bastante, achei muito bonito. O modelo é bacana, bem feminino. E quando ele veio para gente, nós comentamos no vestiário que a gente ficou muito feliz".

Apesar das justificativas, nas redes sociais os internautas criticaram a declaração feita do dirigente.