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Ricci toma bronca, expulsa técnico e vira vilão para duas torcidas

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em La Serena (Chile)

16/06/2015 22h25

Representante da arbitragem brasileira na Copa do Mundo de 2014, Sandro Meira Ricci foi o escolhido para apitar o clássico entre Argentina e Uruguai pela fase de grupos da Copa América, nesta terça-feira, em La Serena, no Chile, e viu a partida entregar o que prometia: além do duelo na bola, ânimos exaltados e a necessidade de interceder para evitar confusões. No saldo, o brasileiro acabou como vilão para as duas torcidas na vitória argentina por 1 a 0.

Ainda no primeiro tempo o meia uruguaio Nicolás Lodeiro, ex-Corinthians, fez falta no lateral argentino Pablo Zabaleta, do Manchester City. Ricci viu, marcou a infração, deu o cartão amarelo, mas ouviu o técnico Tata Martino, da seleção argentina, ex-Barcelona, fazer críticas intensas a um dos auxiliares de arbitragem desde o banco de reservas. O brasileiro, então, ordenou a expulsão de Martino, em ato que seria o início de sua rejeição nas arquibancadas.

Depois do jogo, o treinador explicou porque foi excluído da partida. "A expulsão acredito que foi porque dei uns três passos dentro do campo", falou.

A partir de então a torcida argentina passou a criticar muito o árbitro. A cada falta não marcada, insultos e vaias. A cada bola que o goleiro uruguaio Fernando Muslera demorava um pouco mais para fazer a reposição, também. Em campo, os ânimos dos jogadores argentinos também se exaltaram e, no fim da primeira etapa, o volante argentino Javier Mascherano ficou muito irritado.

O mesmo Lodeiro que 15 minutos antes fizera falta em Zabaleta desta vez foi a vítima de forte entrada de Mascherano. Ao se levantar, o argentino recebeu o cartão amarelo e esbravejou. Se aproximou de Ricci, o encarou e gritou ao árbitro brasileiro, reclamando da marcação.

Como o placar ainda marcava 0 a 0, a irritação dos argentinos a partir do início do segundo tempo foi enorme. Nas arquibancadas e no campo. Soma-se a atuação de RIcci nas quartas de final da Copa Libertadores, há três semanas: uma expulsão equivocada de Luciano Lollo, do Racing, da Argentina, foi decisiva para a classificação do Guarani, do Paraguai, algoz corintiano.

Na segunda etapa a não marcação de faltas a favor do Uruguai fez com que o cenário se transformasse imparcialmente contra Ricci: divididas na arquibancada, as duas torcidas passaram a reclamar.

No fim do segundo tempo, Ricci teve de administrar dois inícios de confusão entre os jogadores. Não precisou chamar atenção ou distribuir cartões. No fim do jogo, um cartão amarelo ao goleiro Sergio Romero, por demora na reposição, fez nascer o maior coro de insultos contra o argentino. O mesmo se repetiu do outro lado, partindo dos uruguaios, após cartão amarelo para o lateral Alvaro Pereira, ex-São Paulo.

Este foi o primeiro jogo de Ricci na Copa América 2015. Mesmo com o jogo de ânimos exaltados, ele marcou 33 faltas durante a partida e manteve média semelhante à da Copa do Mundo, competição na qual arbitrou três partidas com média de 29 faltas marcadas pro jogo. Ele distribuiu cinco cartões amarelos: Romero, Rojo e Mascherano, na Argentina, e Alvaro Pereira e Godin, no Uruguai.