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Amarilla nega esquema contra o Corinthians: 'querem sujar minha carreira'

Do UOL, em São Paulo

22/06/2015 12h13

O árbitro Carlos Amarilla negou nesta segunda-feira que tivesse participado de suposto esquema para favorecer o Boca Juniors na partida contra o Corinthians, pela Libertadores de 2013. O juiz cometeu erros grosseiros que prejudicaram o time paulista, que acabou sendo eliminado do torneio daquele ano.

Amarilla falou para a rádio paraguaia 970AM. “Estou com a consciência tranquila e à disposição para qualquer investigação”, declarou.

Na ocasião, o paraguaio Carlos Amarilla anulou um gol legal e deixou de marcar um pênalti claro para os brasileiros, além de outros dois lances duvidosos que foram apitados a favor do Boca. O jogo acabou empatado em  1 a 1, o que resultou na eliminação corintiana.

O assunto voltou à tona depois que o programa argentino "La Cornisa de TV America" exibiu escutas telefônicas que mostram o diálogo eentre Julio Grondona, então presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino), que morreu em 2014, e Abel Gnecco, representante argentino no comitê de árbitros da Conmebol, e se dá em 17 de maio de 2013, dois dias depois do Boca eliminar o Corinthians em pleno Pacaembu. 

“Eu sou o mais interessado para que toda história seja esclarecida. Querem sujar meus 18 anos de carreira”, acrescentou Amarilla em declaração à rádio paraguaia.

Amarilla demonstrou irritação ao ser indagado durante a entrevista se conhecia Abel Gnecco. O juiz afirma que nunca recebeu propina para facilitar determinado time.

"É melhor eu nem ver esse senhor pela frente [Gnecco], senão não sei o que seria capaz de fazer"

Paulinho reclama com a arbitragem de gol anulado do Corinthians no Pacaembu contra o Boca - Almeida Rocha/Folhapress - Almeida Rocha/Folhapress
Carlos Cáceres levantou a bandeira em gol anulado de Paulinho, no 2º tempo
Imagem: Almeida Rocha/Folhapress

Na escuta apresentada pelo programa de TV da Argentina, o representante da comissão de arbitragem da Conmebol relata como foi a decisão pela escolha do juiz paraguaio.

"Estive falando com Alarcón [Carlos Alarcón, representante paraguaio na Comissão de Árbitros da Conmebol] e ele me disse: [...] 'Estão querendo o Amarilla aí na Argentina?' Veja, se querem eu não sei, eu quero. Coloque ele e deixe de me encher o saco. Alarcón, ponha ponha o Amarilla e deixe de me ferrar. Bom, foi assim, ele colocou e bom... E saiu bem porque, bem, tem de ser assim", disse Gnecco a Grondona.

A conversa é uma das 11 reveladas pelo programa de TV, que teve acesso às escutas usadas em uma investigação que começou em 2012 e teria investigado de sonegação de impostos em negociações de jogadores a manipulações no futebol. Embora a apuração seja anterior à divulgação do escândalo da Fifa, a presença de Grondona une os dois casos, já que o argentino era vice-presidente da entidade internacional e foi citado no inquérito que prendeu sete cartolas em Zurique, José Maria Marin entre eles.

Mais aspas de Carlos Amarilla à rádio 970AM, do Paraguai

“Estou falando com meu advogado para ver qual medida tomaremos” (sobre as declarações de dois dirigentes na escuta)

“Eu entro para aplicar as regras do jogo. Posso cometer erros”

“Treinamos todos os dias e cometemos erros, assim como os jogadores”

“Nenhum instrutor, nenhum dirigente se aproximou de nós”