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T. Silva 'para de chorar', supera perda de status e vira melhor do Brasil

Guilherme Palenzuela e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Santiago (Chile)

23/06/2015 06h00

Thiago Silva tinha motivos de sobra para não se animar muito com a disputa da Copa América, no Chile. Em baixa e ainda marcado pelo choro na Copa de 2014, o zagueiro do Paris Saint-Germain foi quase “esquecido” no banco de reservas da seleção brasileira nos amistosos, se afastou do time principal e ainda viu David Luiz, seu concorrente direto por uma vaga, assumir a faixa de capitão que um dia fora sua na ausência do então líder, Neymar. Tudo parecia conspirar contra o dono da braçadeira no Mundial do ano passado. Só parecia.

Ainda questionado antes do início do torneio, Thiago deixou qualquer resquício o rótulo de “chorão” para trás, se reergueu em uma semana de Copa América e terminou a primeira fase da competição como melhor jogador da seleção brasileira – foi escolhido pela Conmebol para a seleção do torneio.

Após a vitória sobre a Venezuela no último domingo, quando fez um gol e foi eleito o melhor em campo, o jogador reconheceu que a questão da faixa de capitão ainda se faz presente em sua cabeça, mas rechaçou qualquer problema com a questão do choro em 2014.

“Se eu falar que não penso [na braçadeira], estarei mentindo. Mas aceitei isso [Miranda como novo capitão] com a maior naturalidade possível”, comentou, antes de falar sobre a maneira como ficou rotulado em 2014, mesmo sem estar em campo na derrota por 7 a 1 para a Alemanha.

“De novo isso? Não me abala, não. Essa questão do choro é passado. Se o cara não chora e não sente, não é profissional. Se chora e sente, é chorão. Difícil. O mais importante é ter na minha cabeça que faço tudo por amor à seleção. Não tem choro”, ratificou.

A “ressurreição” de Thiago Silva começou no jogo de estreia da Copa América, ainda que o jogador não estivesse em campo. Com a falha de David Luiz no gol adversário e sucessivos erros ao longo da partida, o treinador não pensou duas vezes: barrou o zagueiro cabeludo e promoveu o retorno de Thiago.

Na partida seguinte, contra a Colômbia, a dúvida por sua atuação diante de um cenário de pressão foi logo deixada de lado. Apesar da derrota da seleção, o ex-capitão fez bom jogo e garantiu a manutenção para o duelo seguinte. Contra a Venezuela, um gol, mais um desempenho seguro e a certeza que os problemas ficaram para trás.

Mesmo com o bom momento, a faixa de capitão dificilmente voltará ao braço de Thiago Silva nos próximos jogos. A vaga no time titular e a retomada da liderança, no entanto, já não são mais dúvidas para o jogador que até poucos meses atrás sequer sabia se tinha espaço na seleção.

“Temos vários líderes, cada um com uma forma diferente. Muitas vezes achamos que o líder deve jogar. Muitas vezes temos líderes que não jogam. Temos ainda líderes que são líderes quando só jogam. Outros, não. Temos o Thiago Silva, o Miranda, o David Luiz, o Neymar. Temos jogadores que participam do grupo jogando e não jogando”, comentou Dunga, no último fim de semana, em meio ao impasse sobre a faixa de capitão.