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SP reduz gastos da folha de pagamento, mas ainda está longe do objetivo

São Paulo deu início em 2015 à nova política de contenção de gastos - MARCUS DESIMONI / UOL
São Paulo deu início em 2015 à nova política de contenção de gastos Imagem: MARCUS DESIMONI / UOL

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

24/06/2015 12h00

O São Paulo conseguiu, após a venda de três atletas do elenco, diminuir a folha de pagamento dos jogadores. O objetivo, porém, ainda está longe se alcançado. Essa é a análise de diretoria financeira do clube sete meses depois da política de contenção de custos ter sido colocada em prática.

Antes das vendas de Rodrigo Caio (para o Valencia, da Espanha), Denilson (para o Al-Wahda, dos Emirados Árabes) e Paulo Miranda (para o Red Bull Salzburg, da Áustria), o clube gastava cerca de R$ 8 milhões com o pagamento dos jogadores, incluindo os valores em carteira e dos direitos de imagem.

Com a negociação dos três atletas, o São Paulo, além de receber pouco mais de R$ 54 milhões, irá economizar R$ 570 mil mensais -- o valor equivale a 7,1% do total da folha .

"Isso ajuda a chegar ao objetivo, mas ainda está distante. Temos até o fim do ano. As vendas têm efeito direto, embora esses salários estivessem dentro dos padrões da política atual", disse Osvaldo Vieira de Abreu, vice-presidente de finanças do clube, ao UOL Esporte.

O dirigente ressalta que a redução dos gastos já ocorre desde o começo deste ano. Só com a saída de Muricy Ramalho, por exemplo, o São Paulo deixou de gastar R$ 250 mil por mês. Isso porque o técnico ganhava R$ 500 mil mensais, contra R$ 250 mil de Juan Carlos Osorio.

"Essa economia será sentida no futuro, não agora. O balanço será completamente diferente no fim deste ano. O resultado demora para aparecer. Estamos colocando tudo em ordem, com os pés no chão", ressaltou Osvaldo.

O São Paulo também conseguirá economizar mais R$ 12,2 milhões em 2015, em relação ao ano passado. O total equivale aos salários de 11 jogadores emprestados pelo clube. Além disso, em janeiro, a diretoria rescindiu com o lateral argentino Clemente Rodríguez, que ganhava R$ 130 mil mensais.
 
Em contrapartida, a permanência de Rogério Ceni até o fim do ano fará o São Paulo desembolsar R$ 2,8 milhões, entre agosto e dezembro. O goleiro ganha R$ 700 mil por mês. Em 2016, a política de contenção de custo pode ganhar um incentivo.
 
Isso porque os contratos de Luis Fabiano e Alexandre Pato se encerram no fim deste ano. O camisa 9 recebe R$ 550 mil por mês. O São  Paulo desembolsa R$ 400 mil mensais por Pato. Ou seja, sem os três jogadores, o São Paulo passaria a economizar R$ 1,65 milhão por mês -- o total da folha de pagamento, incluindo os direitos de imagem, cairia de R$ 7,43 milhões para R$ 5,78 milhões.
 
Nova realidade
 
O valor total dos salários pagos pelo São Paulo cresce a cada temporada. Nos últimos dez anos, houve apenas uma redução: de 2007 para 2008, quando o montante passou de R$ 54,2 milhões para R$ 52,3 milhões (veja abaixo).
 
O maior aumento se deu entre 2012 e 2013. A diferença entre os gastos chegou a 25,1%, passando de R$ 79 milhões para R$ 98,8 milhões. No ano passado, o São Paulo rompeu a barreira dos R$ 100 milhões por ano ao desembolsar R$ 113,6 milhões (cerca de R$ 8,7 milhões mensais, incluindo os salários dos integrantes da comissão técnica).
 
O clube, porém, também prevê o corte de despesas de outros departamentos do clube. "Existe o objetivo de diminuir também o gasto global. Esse é o trabalho de reestruturação que existe, iniciado há sete meses", afirmou Osvaldo.
 
Folha de pagamento do futebol, incluindo a comissão técnica -- segundo os balanços financeiros divulgados pelo clube (valor mensal entre parênteses)
 
2005: R$ 36,5 milhões (R$ 2,8 milhões)
2006: R$ 41,6 milhões (R$ 3,2 milhões)
2007: R$ 54,2 milhões (R$ 4,2 milhões)
2008: R$ 52,3 milhões (R$ 4,0 milhões)
2009: R$ 61 milhões (R$ 4,7 milhões)
2010: R$ 70,9 milhões (R$ 5,4 milhões)
2011: R$ 73 milhões (R$ 5,5 milhões)
2012: R$ 79 milhões (R$ 6,1 milhões)
2013: R$ 98,8 milhões (R$ 7,6 milhões)
2014: R$ 113,6 milhões (R$ 8,7 milhões)