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Após perder promessa, Corinthians faz força para evitar jovens 'desertores'

Marinho Saldanha

Do UOL, em São Paulo

30/06/2015 15h00

O Corinthians tentou, aumentou proposta, conversou repetidamente com Matheus Cassini, mas não conseguiu evitar que o jogador fosse para o Palermo, da Itália. E se a saída da promessa de 19 anos foi considerada ruim internamente pelo clube teve, um lado bom: a lição para persuadir jovens a evitarem o mesmo caminho. Muita conversa e a conscientização sobre o futuro da carreira passam pelos argumentos para não ter novos 'desertores'.

"É muito difícil quando se senta para conversar com um atleta, tenta mostrar para ele que fora qualidade e competência, tem que ter paciência para conhecer o clube e esperar sua chance. O Cassini eu falo com muita propriedade porque presenciei todas as reuniões com ele, procurador e família. O presidente se envolveu muito nisso. O que podíamos fazer para convencê-lo e propor que seguisse conosco por conta da chance que poderia ter no profissional, fizemos. Mas quando o atleta escolhe sair, foge das nossas mãos", disse o coordenador técnico corintiano e ex-lateral direito, Alessandro Nunes.
Mas ao mesmo tempo que admite não ter poder sobre uma decisão tomada antecipadamente pelo atleta, o representante pela união entre profissional e base do Corinthians garante que a função do clube mostrar argumentos para evitar as saídas.
Ou seja, a estratégia para persuadir possíveis 'desertores' é mostrar que o futuro pode ser promissor, às vezes até mais do que em clubes menores da Europa, caso do Palermo, que levou Cassini do Timão.
"Não tem como exigir muito, mesmo que ele aceite uma proposta que não seja tão expressiva assim. Não há uma receita para evitar isso. Às vezes saem atletas da base, até de categorias inferiores, por escolha própria. Resolvem não apostar no futuro que teriam aqui, ou não acreditam em si mesmos para vestir a camisa do Corinthians. Mas é um trabalho e responsabilidade nossa dar estrutura, suporte, mostrar para o atleta que ele tem condições de atuar aqui e o clube também é importante nisso. Se ele for influenciado ou não por empresário, é outra coisa. Mas temos que mostrar para o atleta", explicou.
No caso de Cassini, a proposta dos italianos foi bem diferente da corintiana. O jogador receberia, para ficar, aumento salarial e R$ 8 mil para R$ 15 mil. O Palermo ofertou logo R$ 80 mil. Ao Corinthians coube receber à vista R$ 3,75 milhões, referentes a 70 % do valor total da venda. Além de manter 10% sobre uma negociação futura. Mas os números recentes assustam. Com saídas de jogadores nos moldes de Cassini, o Corinthians já deixou de ganhar R$ 173 milhões.
E a presença do empresário logo no início das carreiras dos atletas da base, na avaliação corintiana, pode pesar para possíveis saídas. Segundo Alessandro, o clube teria totais condições de trabalhar com seus jogadores sem agentes ou intermediários. Mas é outra situação inevitável no processo de formação.
"Eu acho cedo para o atleta ter um agente ou procurador. O clube tem total condição de cuidar um pouco da formação dele, para depois, com mais vivência e experiência escolher um procurador que preferir. Infelizmente não é isso que acontece. Não entendo a razão para os atletas buscarem um procurador tão cedo na carreira. Mas é natural que aconteça. Ao mesmo tempo, é responsabilidade do clube mostrar segurança para que o atleta veja que não é necessário procurar um empresário tão cedo", concluiu.
O Corinthians realizou, na segunda-feira, um evento de integração entre as categorias de base e o profissional. A ideia é aproximar a formação com o elenco principal e abastecer melhor o time.