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Esquerdista e controlador, pai do corintiano Elias mede cada passo do filho

Pai de Elias pediu que filho não celebrasse gol contra o Flamengo - Reprodução
Pai de Elias pediu que filho não celebrasse gol contra o Flamengo Imagem: Reprodução

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

15/07/2015 06h00

"Tanto no governo federal (Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) como no estado de São Paulo (José Serra, do PSDB) temos a mesma política! É hora de unificar as lutas para derrotar esses governos".  

Em meio a uma greve sindical que já durava 40 dias, em 2010, uma série de servidores judiciários se uniu para uma passeata pelas ruas de São Paulo. Naquele momento, servidores estaduais e federais decidiram unir forças. Militante do PSTU, o partido da causa operária, o diretor executivo Eliseu Trindade tomou a palavra em nome do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e fez o discurso acima. 

Firme na luta operária, mas discreto no meio do futebol e vital em cada passo do filho, o personagem citado é o pai do corintiano Elias. No último domingo, ele dividiu opiniões por não comemorar um gol marcado na vitória contra o Flamengo, seu ex-clube.

Segundo o próprio jogador contou na terça-feira, um telefonema de Eliseu no meio da noite era para fazer essa solicitação. "Ficou na minha cabeça (o pedido). Até fiquei bravo, mas pensei:  será que ele estava pressentindo alguma coisa?".

O episódio mostra aquela que é uma marca sobre Elias desde que ele defendia o Palmeiras nas divisões de base. "Os funcionários olhavam quando o Eliseu vinha e até torciam o nariz. 'Como ele é chato'. O Elias (foi destaque do sub-20) é legal, mas o pai dele compra muita briga", explica um antigo profissional da base do Palmeiras. 

Os relatos são quase sempre iguais sobre Eliseu. Trata-se de alguém muito decidido, honesto e, em geral, tranquilo. Mais do que isso: o melhor amigo e o maior conselheiro do filho. Companheiro, não se afastou nos momentos difíceis para quem era uma grande promessa na base, mas viveu quatro anos de incertezas no futebol até despontar pela Ponte Preta em 2008. Amigos do jogador identificam sua mudança de comportamento ao longo dos anos. A tranquilidade do filho nos dias de hoje é atribuída ao pai. 

No Corinthians, clube que ofereceu projeção a Elias, ele ganhou também a fama de brigar por tudo a que o filho tem direito. Não tolera atrasos que, muitas vezes, jogadores encaram com naturalidade. Mesmo nos tempos em que Carlos Leite era o agente, era Eliseu que lutava pelo que achava correto e negociava contratos. Quando vai ao CT Joaquim Grava, relatam funcionários, é certo que há algo para reivindicar. 

Provavelmente, Eliseu se lembra dos tempos mais difíceis em que morava em região carente da zona norte de São Paulo e passava algumas necessidades. Hoje, não despreza nenhum centavo. Mais que isso. Pensa por ele e por Elias.