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Justiça faz SP pagar R$ 2 mi por dívidas com Lúcio e contratação de Pato

Lúcio cobra dívida por direitos de imagem; intermediário de Pato quer comissão - Júnior Lago/UOL
Lúcio cobra dívida por direitos de imagem; intermediário de Pato quer comissão Imagem: Júnior Lago/UOL

Guilherme Palenzuela e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

22/07/2015 06h00

O São Paulo vive um momento financeiro delicado, não vê dinheiro parar no caixa e fechou a janela brasileira de transferências, nesta terça-feira (20), com a saída de seis jogadores e apenas um reforço. Agora, além da possibilidade de vender Paulo Henrique Ganso ao Orlando City e ver parte das receitas das vendas de Denilson, Paulo Miranda e Souza serem penhoradas em função de outras dívidas, o clube foi acionado por débitos de 1,85 milhão com o zagueiro Lúcio e R$ 142 mil com o empresário que costurou a troca entre Alexandre Pato e Jadson.

O São Paulo, no dia 11 de maio, aceitou a dívida que tem com Lúcio e se dispôs a pagar. O clube foi acionado pelo jogador por descumprimento no pagamento de direito de imagem, no valor de R$ 1,85 milhão em processo que corre na 1ª Vara Cível do Butantã. O clube pagou uma entrada de R$ 760 mil e duas parcelas de R$ 220 mil. Restam R$ 650 mil a serem pagos ao jogador de 35 anos, que recentemente chegou a um acordo para jogar no Goa, da Índia, time treinado por Zico.

A ação que aponta R$ 142 mil devidos é da Think Ball, empresa representada pelo agente Bruno Paiva, que gere a carreira do meia Jadson e intermediou toda a troca entre São Paulo e Corinthians entre o ex-camisa 10 são-paulino e o atacante Alexandre Pato. O São Paulo só pagou quatro parcelas de uma comissão total de R$ 600 mil, dividida em cinco diferentes parcelas e não quitou a última, datada para fevereiro. O processo tramita na 3ª Vara Cível do Butantã – o São Paulo ainda não respondeu.

O São Paulo convive com dívidas das mais diversas desde o início do ano. A mais significativa delas foi com os próprios jogadores do elenco, a quem o clube chegou a dever quatro meses de direito de imagem. Quitou três, segundo o clube com um empréstimo de origem não revelada. Em alguns casos específicos ainda há débitos maiores – Luis Fabiano, por exemplo, alega que não recebeu três parcelas de direito de imagem, dívida que impediu a transferência do camisa 9 para o Cruz Azul, do México, na última semana.  

A ação que nesse momento é mais importante para o São Paulo é movida pelo Orlando City, clube dos Estados Unidos que emprestou Kaká no segundo semestre de 2014. O acordo, anunciado pela diretoria como “de graça”, na verdade custou dinheiro. O São Paulo teria de pagar seis parcelas de R$ 400 mil, a renda dos dois primeiros jogos com Kaká no Morumbi e a renda de um amistoso entre os dois clubes a ser realizado.

O Orlando City cobra R$ 13,9 milhões na Justiça pelo descumprimento do acordo. Para quitar a dívida, fez uma oferta de R$ 19 milhões pela contratação de Paulo Henrique Ganso, composta por R$ 5 milhões em dinheiro e o perdão da dívida. O São Paulo admite, via departamento de comunicação, que os pagamentos estão atrasados, mas informa que entende que a ação do Orlando City não tem a menor chance de prosperar. Diz, também, que em fevereiro os clubes chegaram a um acordo em relação a parte da dívida em documento aceito e assinado por Alexandre Leitão, CEO do Orlando City, que concordou com o pagamento de R$ 1,7 milhão.

O motivo que fez a Justiça penhorar parte da receita obtida com as vendas de Paulo Miranda e Denilson é uma dívida do clube com a Prazan Comercial Ltda, apontada como comissionada na contratação do lateral esquerdo Jorginho Paulista, em 2002. No entanto, a penhora de parte da venda de Souza pelo mesmo processo mostra que o dinheiro não chega ao caixa do clube: de R$ 3,1 bloqueados pela justiça pelas duas primeiras transferências, só foram captados R$ 1,9 milhão; dos R$ 9,7 milhões obtidos por Souza, R$ 1,2 foram penhorados, para completar o montante.

O momento financeiro afeta o futebol. Paulo Miranda, Denilson, Souza, Dória e Ewandro deixaram o clube. Cafu tem venda encaminhada ao Ludogorets, da Bulgária, mas ainda não confirmada. Rodrigo Caio só não foi vendido porque houve problema contratual ao desembarcar na Espanha para assinar com o Valencia. O único reforço desde a chegada do técnico Juan Carlos Osorio é o atacante colombiano Wilder Guisao, contratado às pressas nos últimos dias – e Ganso e Luis Fabiano ainda podem sair.