Topo

Jogou 13 anos no Corinthians, provocou torcida, e teve de se desculpar

AFP PHOTO / DANIEL GARCIA
Imagem: AFP PHOTO / DANIEL GARCIA

Vagner Magalhães e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

30/07/2015 06h00

O ex-lateral-esquerdo Kléber, 35, passou 13 anos no Corinthians. Jogou pelo clube dos 10 aos 23 anos. No profissional, conquistou dois Brasileiros (1998, 1999), três Paulistas (1999, 2001 e 2003) e o Mundial de Clubes do ano 2000. Deixou o time em 2003 para jogar no Hannover 96, da Alemanha. No Brasil, teve destaque no Santos e no Internacional, além de passagens pela seleção brasileira.
Quanto atuava pelo Santos, em 2006, na comemoração do aniversário da Torcida Jovem, se excedeu. Com o microfone na mão, puxou o coro contra a torcida do seu ex-clube. "Galinha preta, vem cá fazer chup..."
O vídeo foi parar na Internet e a cobrança contra ele foi forte. "Eu não quis ofender a torcida do Corinthians. Eu quis fazer uma brincadeira e incentivar a torcida do Santos a ir ao Pacaembu. Era um grito de guerra da torcida e acabou tomando uma proporção que eu não imaginava. Mas não fujo da minha responsabilidade", diz ele.
Depois do episódio, Kléber se encontrou com integrantes da Gaviões da Fiel e se desculpou. "Aceitaram as minhas desculpas, mas eram cinco ou seis. E é claro que eles não iam fazer a cabeça de milhões de corintianos que ficaram com raiva, ou alguma bronca minha. Assumo a responsabilidade, mas não quis ofender".
Kléber diz que não foi legal, mas não há arrependimento. "O futebol hoje é uma coisa muito chata. Não se pode fazer mais nada, a verdade é essa. Antigamente, os jogadores faziam provocações dentro e fora de campo e as coisas eram normais, sadias. Mesmo dentro de campo você não pode fazer nada que toma cartão amarelo ou vermelho, é hostilizado pela torcida. Eu nunca fugi daquilo que eu fiz. Entendo as cobranças".
Kléber lembra que deixou o Corinthians depois da eliminação do time da Libertadores pelo River Plate, em 2003. Foi para o Hannover 96 e de lá emprestado para o Basel, da Suíça. "Foram passagens que acrescentaram muito à minha carreira. No Corinthians eu avançava muito. Na Europa, a prioridade maior era a defesa. Isso fez com que eu mudasse meu estilo. Quando eu vim para o Santos, cobravam que eu não atacava muito (risos).
Ele se recorda que no primeiro jogo da decisão de 1999, quando o Corinthians perdeu por 3 a 2 para o Atlético, o primeiro gol do adversário saiu com menos de um minuto e ele acabou marcado pela derrota, acusado de falhar no lance. "Foi uma falta de atenção minha. Depois disso, o Osvaldo de Oliveira falou que eu tinha a confiança dele e isso me marcou muito".
Kléber lembra que o técnico Alexandre Gallo o indicou para ser contratado por empréstimo pelo Santos, mas em seguida deixou o time. Depois foi treinado no clube por Nelsinho Baptista e por Vanderlei Luxemburgo. Ficou três anos e meio no time da Baixada Santista.
"Minha chegada no Santos foi tranquila. Eu sabia que poderia haver uma cobrança por eu ter jogado no Corinthians e o rival do Santos é realmente o Corinthians. Mas o que me deu segurança foi que foi que no primeiro jogo fora de casa, contra o Atlético-PR, eu e o Ricardinho fizemos uma bela jogada de tabela, como fazíamos no Corinthians. E ele fez o gol. Então deu um pouco de tranquilidade".
Kléber conta que a chegada de Luxemburgo foi fundamental. "Ele sabia como eu atuava e poderia me usar. Ele teve um tempo para me preparar e montar um esquema que a gente pudesse todo mundo atuar bem. Foi aí que o meu futebol começou a crescer pelo Santos".
No Inter, ele diz que teve a sua melhor fase, em um estágio que ele considera de seleção brasileira. "Foi um momento em que eu não tinha pretensão de sair do Santos, estava muito bem lá. Fui bem recebido, trabalhei com excelentes profissionais".
Kléber encerrou a carreira no ano passado, no Figueirense. Lá, rompeu o músculo da coxa e como a recuperação seria longa, resolveu parar. Hoje, trabalha com o empresário Gilmar Veloz, que inclusive foi seu agente. "Eu busco atletas e ele está sempre me auxiliando, me dando uns toques".