Árbitros fazem protesto triplo antes de jogos contra veto de Dilma
Descontente com o veto da presidente Dilma Rousseff ao item da Medida Provisória (MP) do futebol que assegurava o direito de arena dos árbitros, a categoria fez um protesto antes das partidas da 18ª rodada do Campeonato Brasileiro.
As manifestações começaram já nos primeiros jogos dessa quarta-feira (12), que começaram às 19h30: Flamengo x Atlético-PR, no Maracanã, e Coritiba x Palmeiras, no Couto Pereira, em Curitiba.
Os árbitros e assistentes fizeram protesto triplo: entraram em campo com uma faixa preta no braço e outra no pulso, atrasaram as partidas em um minuto e levantaram a placa de substituição com os números zero e cinco - em alusão ao valor de 0,5% dos direitos de transmissão que seriam repassados aos juízes e foi vetado por Dilma na MP.
O mesmo roteiro se repetiu um pouco mais tarde nas demais partidas dessa quarta. Tanto nos jogos às 21h (Santos x Vasco, na Vila Belmiro, e Goiás x Chapecoense, no Serra Dourada) como às 22h: Corinthians x Sport, na arena, e Figueirense x São Paulo, no Orlando Scarpelli.
A exceção foi na partida entre Inter x Fluminense, também às 22h, no Beira-Rio, onde a arbitragem alterou os números da placa em função da goleada de 5 a 0 sofrida pelos colorados contra o arquirrival Grêmio na última rodada. Em vez de 0,5, foram mostrados os algoritmos 671, número da MP do futebol.
A Associação dos Árbitros calcula que deixará de receber de R$ 7 milhões a R$ 9 milhões com o veto.
"É a primeira manifestação desta envergadura na história da arbitragem brasileira", destacou em nota oficial a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf).
"É importante salientar que os atletas (justamente) já possuem o direito de arena de 5% garantido em lei. Aos árbitros seria destinado 0,5%, o que seria suficiente para garantir à categoria melhores condições de trabalho", acrescenta o comunicado.
Entenda a manifestação
A entidade havia manifestado intenção de fazer greve nos jogos da rodada do torneio nacional no último fim de semana. Depois, alteraram os planos em virtude do veto da presidente a um dos itens da Medida Provisória 671 (a MP do futebol), sancionada na quarta-feira (transformada em Lei 13.155).
O item vetado se referia ao repasse ao sindicato dos árbitros de 0,5% referente a Direito de Arena, recurso oriundo dos direitos de transmissão.
Os sindicatos de atletas, por exemplo, recebem 5% do Direito de Arena, cujo valor é repassado aos atletas. Os árbitros não recebem a Arena.
Um árbitro de Série A recebe de R$ 2.800 a R$ 3.800 por partida (árbitros Fifa ganham mais em relação aos demais profissionais utilizados pela CBF).
Nesta quinta-feira (13), os sindicatos de arbitragem de todas as regiões do Brasil se reunirão em assembleia geral da Anaf para discutir o veto de Dilma.
O texto inicial da MP do futebol propunha que 0,5% do valor dos direitos de transmissão fosse repassado aos juízes, o que foi rechaçado pelo Palácio do Planalto.
"É muito importante esclarecer à população que a origem dos recursos sairia do valor pago pela empresa detentora dos direitos de transmissão do Brasileirão, sem qualquer ônus para o Estado Brasileiro", finaliza o comunicado.
Para a assembleia dessa quinta, a possibilidade de greve não está descartada. Neste caso, a paralisação afetaria as partidas das séries A, B, C e D do futebol brasileiro.
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