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Receita do Corinthians cai 20% em 2014, e clube vê lucro despencar 92%

Pagamentos feitos à Odebrecht pela Arena Corinthians são maior fonte de despesa - Friedemann Vogel/Getty Images
Pagamentos feitos à Odebrecht pela Arena Corinthians são maior fonte de despesa Imagem: Friedemann Vogel/Getty Images

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

24/08/2015 08h00

O montante total de dinheiro que entrou nos cofres do Sport Club Corinthians Paulista em 2014 foi 20% menor do que o total arrecadado pelo clube no ano anterior. Enquanto, em 2013, a equipe paulista obteve uma receita bruta de R$ 302 milhões, no ano passado este montante foi de R$ 245 milhões.

Por outro lado, os custos e despesas do time alvinegro não tiveram semelhante queda, tendo ido de R$ 240 milhões para R$ 239 milhões. Com isso, a diferença entre o que o Corinthians arrecadou e o que gastou ("lucro") caiu de R$ 63 milhões em 2013 para R$ 5 milhões no ano passado, uma queda de 92%.

É o que mostram os números da "Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros", estudo feito pelo banco Itaú BBA baseado nos balanços anuais das 24 maiores agremiações brasileiras.

De acordo com os analistas da instituição financeira responsáveis pelo estudo, a maior queda na receita se no caixa das bilheterias. O motivo não é que os torcedores deixaram de ir apoiar o time no estádio, e sim o contrato existente entre o Corinthians e a Odebrecht, que prevê que o clube pague à empreiteira - com dinheiro advindo das bilheterias - as parcelas devidas pela construção da Arena Corinthians, em Itaquera.

Assim, em 2014, sobrou para a equipe alvinegra cerca de R$ 30 milhões a menos que em 2013, pois desde que a arena foi inaugurada, as receitas estão sendo direcionadas a seu pagamento.

Por outro lado, o clube também recebeu quase R$ 30 milhões a menos em venda de atletas. Apenas a receita com TV e publicidade tiveram seus valores praticamente estáveis.

COMPOSIÇÃO DA RECEITA DO CORINTHIANS NOS ÚLTIMOS ANOS

Evolução da receita do Corinthians - Itaú BBA - Itaú BBA
Direitos de TV são a principal fonte de dinheiro do Timão
Imagem: Itaú BBA

Com a forte redução das receitas, mesmo com a manutenção dos custos e despesas, a relação entre folha de pagamento e receitas foi duramente afetada, saltando de 56% para 65%. Ou seja, no ano passado, 65% do que o Corinthians ganhou foi direcionado ao pagamento de salário de atletas e funcionários.

Para os analistas do banco Itaú BBA, em que pese o time ainda estar trabalhando "no azul", ou seja, arrecadando mais do que gasta, é o momento de acender a luz amarela.

De acordo com o estudo da instituição financeira, "há muita coisa para corrigir (na administração do clube). Aumentar a receita é difícil, pois a maior parte delas tem comportamento estável".

O que poderia servir de desafogo, que é a bilheteria, está empenhado no pagamento da arena. "O que resta é reduzir investimentos e custos. Mas como fazer isto em um clube que é cobrado por torcedores e imprensa para disputar títulos sempre? É o desafio da gestão, que precisa agir com transparência e clareza, e da Comissão Técnica, que deverá trabalhar com recursos mais modestos", conclui o estudo.