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Del Nero alega 'vingança pessoal' de Romário para pedir quebra de sigilo

Del Nero entrou com mandado de segurança para cancelar medida aprovada em Brasília - Ed Ferreira/Folhapress
Del Nero entrou com mandado de segurança para cancelar medida aprovada em Brasília Imagem: Ed Ferreira/Folhapress

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

27/08/2015 12h56

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, alegou que a aprovação da quebra de seu sigilo bancário e fiscal pela CPI do Futebol no Senado é fruto de “perseguição pessoal” do senador Romário (PSB-RJ), presidente da comissão. Ele entrou com um mandado de segurança no STF pedindo o cancelamento da medida aprovada há uma semana em Brasília.

O relator é o ministro Edson Fachin, e a peça é assinada pelo advogado Carlos Eduardo Caputo Bastos. “É explícita e expressa a real intenção do autor do requerimento de quebra dos sigilos [senador Romário] (...) valendo-se de instrumento tão importante para exercer a ‘vingaça pessoal’, já que é pública e notória a declarada inimizade do autor com a CBF e seus dirigentes”, argumentou Caputo Bastos.

O advogado cita um trecho de um discurso de Romário no plenário do Senado Federal, quando da apresentação do requerimento da instalação da CPI do Futebol, em 28 de maio, na qual o ex-atacante afirma: “O Marin [José Maria Marin, ex-presidente da CBF] está preso e esse é o momento oportuno para fazermos uma verdadeira devassa na CBF, a Casa Bandida do Futebol.”

A CPI do Futebol tem até as 20h desta quinta-feira, 27, para apresentar os argumentos contrários ao mandado de segurança de Del Nero.

“Se o objetivo principal da CPI é a moralidade do futebol e a CBF é a responsável pelo futebol brasileiro, não tem como dizer que o presidente da CBF não seja uma pessoa ligada à CPI. Ele [Del Nero] está no seu direito, e respeito bastante. Mas confio na Justiça brasileira. Pessoalmente não tenho nada contra o Del Nero e esses senhores, até porque pessoalmente nunca me fizeram nada. Mas é importante ter a quebra do sigilo do atual presidente e principal mandatário do futebol brasileiro. A gente precisa entender qual é o pensamento deste senhor, porque tem medo de ser preso. Aqui no Brasil, se realmente não tem nada contra ele, como ele declara, seria natural que isso acontecesse [a quebra do sigilo]”, respondeu Romário

Os demais membros da CPI mostraram-se indignados com o mandado de segurança impetrado por Del Nero. “Eu me sinto desrespeitado por essa peça jurídica apresentada pelo senhor Del Nero. Como se esta CPI estivesse aqui apenas para atender a um senador ou a um grupo de senadores. Se está sendo dito por ele em uma peça de mandado de segurança, imagina o que nao é dito fora daqui?”, questionou Roberto Rocha (PSB-MA).

“A Justiça precisa ter um peso e uma medida. Eu estou participando da CPI do CARF [Conselho Administrativo de Recursos Fiscais] e lá  ninguém presta depoimento, todos chegam com habeas corpus e se calam. Na Lava Jato, os camaradas são presos e se não falar, não sai da prisão. Temos lá uma delação torturada. Eu sei que é um direito constitucional e tudo mais, mas os juízes precisam analisar bem porque estamos aqui para contribuir com a sociedade, mas somos impedidos permanentemente de avançar nas apurações no CARF por causa de habeas corpus do STF. Certamente vai ocorrer aqui também na CPI do Futebol”, comentou Donizete Nogueira (PT-TO).

A sessão desta quinta-feira ouviu os jornalistas Luiz Carlos Azenha, Leandro Cipoloni e Amaury Ribeiro Junior, autores do livro “O Jogo Sujo do Futebol”. A próxima reunião da CPI será às 10h da terça-feira, 1º de setembro.