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"Há muita gente dando opiniões neste clube", diz Osorio

Mike Stobe/Getty Images
Imagem: Mike Stobe/Getty Images

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

28/08/2015 13h01

Juan Carlos Osorio concedeu entrevista coletiva pela primeira vez no CT da Barra Funda, nesta sexta-feira, depois de ter desistido da ideia de pedir demissão do São Paulo. Demovido da ideia pelo vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro, o técnico afirmou que recebeu propostas além da seleção do México, mas que não trocará o São Paulo por nenhum clube. Apenas por uma seleção, motivado pelo sonho de disputar uma Copa do Mundo. O treinador criticou, porém, que há muitas pessoas dando opiniões dentro do clube e citou um exemplo.

"Estava com Milton [Cruz, coordenador], mostrei a ele uma mensagem de uma pessoa do clube que oferece muitos jogadores. Agora, em minha humilde opinião, o time precisa de um volante. Estamos trabalhando com Thiago Mendes e Breno para essa posição. Centroavante, um Luis Fabiano mais jovem, por exemplo. De futebol e jogadores falam muitos. Minha resposabilidade e posição é a parte desportiva. Neste clube há muito gente dando opiniões. Demasiados. Quando alguém fala para mim que tem um centroavante muito bom, eu pergunto: "o que ele faz bem?". Me respondem: "ele é rápido". Não precisamos", disse.

"Eu não vou trocar o São Paulo por nenhum clube. Nenhum. Estava com Milton, me ligaram dos Emirados Árabes. Voicê perde três jogos e o telefone toca 20 vezes, todas oportunidades de trabalho. Para todos eu disse o mesmo. Eu tenho como profissional um objetivo de ir a uma Copa do Mundo. Como ser humano também um sonho. A diferença entre sonho e objetivo profissional é que no meio há um processo, e estou seguindo esse processo. Acho que estou melhorando como pessoa, como técnico e como treinador", falou.

Questionado se aceitaria o convite do São Paulo hoje, em um cenário hipótetico, o colombiano, no entanto, não soube responder: "Prefiro falar sobre coisas concretas. Isso é uma suposição. Não saberia. Essa é a situação real, atual, e tenho a obrigação de colocar o time competitivo, que jogue para ganhar". Osorio também falou que não se preocupa com o futuro profissional e citou casos pessoais e até a tristeza pela grave lesão do atacante Luciano, do Corinthians, como problemas maiores.

"Não me preocupa. Me preocupa a saúde dos meus pais na Colômbia. Me preocupa tanto crime, tantas coisas terríveis. Me preocupou a lesão do Luciano. No profissional, na próxima vez que o cenário mudar eu posso responder a mesma coisa", disse. "Fico com minha família, tento escutar música, mas é difícil o estresse", admitiu.

O principal motivo do incômodo de Osorio que quase resultou no pedido de demissão é o desmanche do São Paulo. Desde que o técnico colombiano foi contratado, oito jogadores deixaram o clube. Osorio falou sobre os problemas do elenco e citou o exemplo do jovem atacante João Paulo.

"João, estou tentanto encaixá-lo em outra posição. Centroavante rápido, mas sem jogo aéreo... difícil", disse. "Com todo respeito a esse elenco, há jogadores que não estão no mesmo nível", acrescentou. "Tenho que ser muito objetivo e é a realidade. Perdemos Paulo Miranda, Rafael, defensivamente perdemos zagueiros muito bons. Agora jogar com três é mais difícil. Eu falei antes que os próximos dois jogos muito importantes para nós. Neste momento o Santos é o melhor time de futebol ofensivo no Brasil. Ofensivo. Para mim esse jogo vai ser muito especial. É um time que joga como nós tentamos jogar, vai ser um jgoo especial. Pouco rodízio porque não temos jogadores suficientes para fazê-lo", disse.

Osorio também descartou a possibilidade de contratar o zagueiro Léo, do Cruzeiro. "É um zagueiro que assisti a seus melhores lances, como faço com muitos jogadores. Como quando alguém recomenda, faz uma sugestão, eu tento formar minha própria opinião. Mas eu não perguntei por ele", disse.

Osorio se mostrou incomodado com comentários sobre suas inovações táticas e de posicionamento dos jogadores: "É muito fácil falar. Se alguém observa nossos treinamentos, sabe que aqui não inventamos nada. Quando Breno jogou de volante, trabalhou por dez sessões de treino antes daquela forma. É difícil entender o jogo e muito fácil falar depois do resultado".