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Sem Del Nero, dirigente com perfil boleiro 'cuida' da seleção nos EUA

Del Nero preferiu não ir aos Estados Unidos acompanhar a seleção - Ed Ferreira/Folhapress
Del Nero preferiu não ir aos Estados Unidos acompanhar a seleção Imagem: Ed Ferreira/Folhapress

Danilo Lavieri, Guilherme Palenzuela e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Nova Jersey (EUA), São Paulo e no Rio de Janeiro

02/09/2015 06h01

No último período de preparação para as Eliminatórias, a seleção brasileira não pode contar com seu presidente. Marco Polo Del Nero preferiu ficar no Brasil e não compareceu aos Estados Unidos para acompanhar a delegação nos amistosos contra Costa Rica e contra os donos da casa, nos próximos dias 5 e 8 de setembro. Sobrou para Gilberto Ratto o cargo de ser o homem da diretoria mais próximo à comissão técnica e jogadores. É comum vê-lo batendo papo com membros do time nos treinos, nos horários de descanso e na concentração.

Via assessoria de imprensa, Del Nero afirmou que seu representante direto é o vice-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Gustavo Feijó, que está com a delegação na viagem. A CBF afirma que Gilberto Ratto não é o representante de Del Nero como presidente e diz que Ratto viajou com uma função de marketing, porque estão nessa viagem nove representantes de patrocinadores da seleção brasileira. 

Apesar disso, Feijó não participa da rotina da equipe brasileira. É Ratto quem se encarrega de resolver problemas de logística, de publicidade e outras pendências que surgem normalmente no dia a dia de uma seleção.

Homem de confiança, Ratto é amigo de Marco Polo há quase sete anos. Ambos se conheceram em 2008, quando o executivo de marketing trabalhava na Alpargatas e cuidava do contrato entre a fornecedora de material esportiva Topper e a Federação Paulista, então comandada por Del Nero. O profissional ainda intermediava parceria da empresa com atletas.

Naquele momento, Ratto entrava no futebol e contava com um aliado importante. De lá, foi para o São Paulo, onde trabalhou como gerente de marketing e tomou gosto pela convivência com jogadores e dirigentes. A influência no meio boleiro só aumentou e acabou o levando à CBF assim que o colega Del Nero passou a tomar conta da entidade.

Dentro do discurso de profissionalização da CBF, Marco Polo indicou Gilberto Ratto para assumir a pasta de marketing. Era o primeiro profissional do ramo a assumir o cargo na confederação – substituiu José Carlos Salim. Além do trabalho no ramo, a facilidade para circular entre boleiros também ajudou.

Com o afastamento de Del Nero após as investigações na Fifa, Ratto passou a atuar mais nos bastidores da seleção e nos corredores de concentrações do time de Dunga. Na Copa América, era visível o bom trânsito na delegação. Único representante da diretoria a acompanhar o time durante toda preparação e disputa, era, ao mesmo tempo, homem de confiança do presidente, de Dunga e até mesmo de jogadores.

"Dentro da nossa diretoria, o Ratto é justamente quem tem mais esse perfil para acompanhar a delegação. É justamente o cara que cuida dos patrocinadores que marcam presença e até organizam estes jogos. Acaba sendo fundamental dentro do processo dos amistosos. Além disso, cumpre bem a função de substituir o presidente, já que tem bom trânsito com comissão técnica e jogadores. É um cara muito querido, uma coisa bem natural, nada forçado. Acaba tendo essa proximidade e facilita tudo", explicou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.

Del Nero tem visto seu nome ser envolvido frequentemente como um dos possíveis suspeitos em um esquema de corrupção com a presença de entidades e cartolas do mundo inteiro. Questionado sobre o motivo do presidente não viajar com a Seleção, Walter Feldman, porém, afirmou que o motivo da viagem de Del Nero não tem nenhuma relação com qualquer temor de uma possível investigação do FBI.  "O presidente está concentrado nas questões relativas ao futebol nacional. Temos uma CPI em marcha, toda uma documentação para ser observada, estamos em período de avaliação da gestão dele. Não tem como viajar agora. É apenas isso".