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Caso "fogueteira" que tirou Chile da Copa e baniu goleiro do SP faz 26 anos

Rosinery Mello do Nascimento, a fogueteira do Maracanã na capa da Playboy - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

03/09/2015 06h00

Um dos casos mais polêmicos e curiosos do futebol completa 26 anos nesta quinta-feira (3). Nesta data, em 1989, o goleiro chileno Roberto Rojas tomava a atitude que o baniria do futebol: fingir ter sido atingido por um sinalizador e se cortar com uma lâmina.

O incidente aconteceu durante a partida entre Brasil e Chile, no Macaranã, válida pela última rodada do grupo 3 das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1990. No momento do fato, aos 24 minutos do segundo tempo, a seleção comandada por Sebastião Lazaroni vencia por 1 a 0, gol de Careca, e encaminha a classificação para o Mundial.

Foi aí, então, que um sinalizador foi atirado do setor atrás da meta chilena em direção ao gramado. O artefato caiu atrás do goleiro Rojas, que começou a se contorcer no chão e apareceu com a camisa manchada de sangue.

Roberto Rojas finge ter sido acertado por um sinalizador - Jorge Araújo/Folhapress - Jorge Araújo/Folhapress
Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

Supostamente atingido pelo sinalizador, Rojas deixou o campo do Maracanã com a ajuda de um companheiro de equipe, e o Chile se recusou a retornar ao gramado. Por causa disso, o árbitro argentino Juan Carlos Lostau encerrou a partida. E o Brasil passou a correr o risco de ficar fora da Copa do Mundo, afinal, o artefato havia sido lançado por sua torcida.

A edição de segunda-feira do jornal “O Globo”, no entanto, desmascarou a versão chilena. A capa da publicação mostrava uma foto em que era possível ver claramente que o sinalizador havia caído a certa distância de Rojas, e que não teria como ele ter sido atingido por ele.

O que havia acontecido, na verdade, é que o sinalizador atirado por Rosenery Mello, na época com 24 anos, não atingiu Rojas. O que gerou o corte em seu supercílio foi uma lâmina, levada ao campo pelo próprio goleiro dentro de sua luva, algo admitido por ele anos depois.

“Me cortei com uma gilete e a farsa foi descoberta. Foi um corte à minha dignidade”, afirmou.

O caso fez com que a Fifa decidisse pelo banimento de Roberto Rojas do futebol, além do técnico Orlando Aravena, o médico Daniel Rodríguez e o dirigente Sergio Stoppel. O zagueiro Astengo, que apareceu ao lado do goleiro no momento do lance, foi suspenso por quatro anos, mesmo punição dada à seleção chilena, que ficou impedida de disputar as Eliminatórias para a Copa de 94.

Em 2001, Rojas foi perdoado pela Fifa, que retirou seu banimento. Por causa disso, ele passou a trabalhar como treinador de goleiros do São Paulo, seu último clube como jogador profissional. No clube paulista, chegou a ser treinador. Atualmente, o chileno sofre com hepatite C e tem apenas 20% do fígado em funcionamento. Ele espera por um transplante do órgão.

Para Rosenery Mello, no entanto, o evento acabou resultando em publicidade. Mesmo tendo sido presa em flagrante naquele dia, ela acabou libertada depois do descobrimento da farsa e virou capa da revista “Playboy”. Sua fama, contudo, não durou muito e ela acabou caindo no esquecimento.

Em junho de 2011, a chamada “fogueteira do Maracanã” sofreu um aneurisma cerebral e acabou morrendo pouco tempo depois, aos 45 anos, no Rio de Janeiro.