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Há 50 anos, o Palmeiras foi a seleção brasileira. E humilhou o Uruguai

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Imagem: Reprodução

Luís Augusto Símon

Do UOL, em São Paulo

07/09/2015 06h00

Em uma época como a de hoje, com jogadores brasileiros espalhados pelo mundo, difícil imaginar que a seleção seja formada apenas por quem atua no país. E muito mais difícil que ela fosse representada por um time, apenas um time. E, pior ainda, dirigida por um estrangeiro. Um argentino.

Esse coquetel de fatos improváveis foi servido a mais de 80 mil mineiros que foram ver a inauguração do Mineirão, o antigo, e não o palco do 7 a 1. Foi há 50 anos. E o Palmeiras, dirigido por Filpo Nuñez, venceu o Uruguai por 3 a 0.

A CBD, antecessora da CBF, decidiu que o Brasil seria representado pelo Palmeiras, campeão do torneio Rio São Paulo, o mais próximo de um campeonato brasileiro da época. Era o início do que se chamaria de Academia, um time que sempre privilegiou a técnica e que seria campeão paulista em 1966, além de vencer a Taça Brasil e o Torneiro Roberto Gomes Pedrosa (com paulistas, cariocas, gaúchos e mineiros ), em 1967.

Ademir da Guia, aos 23 anos, já estava construindo sua história, mas ainda não era conhecido como o grande craque alviverde. Ainda não era o Divino. Ele foi o armador naquele jogo.

"Foi uma festa quando soubemos que íamos jogar com a camisa amarela do Brasil, mas nunca imaginei que seria tão importante assim, que seria lembrado até hoje".

Típico de Ademir, de quem se diz que teria feito uma carreira muito maior na seleção se soubesse se impor mais, se soubesse buscar seu espaço, não só com o futebol, mas também com palavras. Foram apenas 12 jogos com a seleção.

Ele se lembra do jogo. "O Uruguai era muito bom. Tinha o Hector Silva, que depois jogaria conosco em 1970. Mas o nosso time era muito entrosado e tinha muita técnica. Era difícil ganhar da gente".

Ademir se lembra de Filpo Nuñez. "Era um treinador muito bom, amigo de todos. Apostava no futebol bem jogado. Tinha uma jogada ensaiada no início do jogo. O centroavante tocava para mim, eu tocava pra trás, no lateral, que lançava o ponta. Fizemos um gol com o Gildo, ponta direita, em nove segundos, no Maracanã".

O esquema? "Era um 4-2-4 típico. No meio campo, era o Dudu, que marcava muito, e eu, que ajudava um pouco quando o adversário estava atacando".

O time base ainda tinha nomes como Valdir (que depois ajudou a formar grandes goleiros, como Zetti e Marcos), Djalma Santos (titular da seleção nas Copas de 1954 e 1958), Djalma Dias (zagueiro clássico, pai de Djalminha), Ferrari, Dudu (vindo da Ferroviária), Julinho (o maior ídolo da história da Fiorentina), Tupãzinho e Rinaldo.

Um time, uma seleção. Uma seleção, um time.

Ficha Técnica
BRASIL (PALMEIRAS) 3 x 0 URUGUAI
Brasil [Palmeiras]
Valdir de Moraes (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina (Procópio) e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia, Julinho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera), e Rinaldo (Dario).
Uruguai
Taibo (Fogni); Cincunegui (Brito), Manciera e Caetano; Nuñes (Lorda) e Varela; Franco, Silva (Vingile), Salva, Dorksas e Espárrago (Morales).
Árbitro: Eunápio de Queiroz
Data: 07/09/65
Local: Estádio Magalhães Pinto, em Belo Horizonte (MG)
Público: aproximadamente 80.000 pagantes
Renda: Cr$ 49.163.125,00
Gols: Rinaldo, aos 27, e Tupãzinho, aos 35 minutos do primeiro tempo. Germano, aos 29 da etapa final.