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Não foi só 'defesa escorpião'. Higuita era amigo leal de Pablo Escobar

Pablo Escobar inaugura um dos mais de 20 campos de futebol que construiu em Medellín - Reprodução - Reprodução
Escobar inaugura um dos mais de 20 campos de futebol que construiu na periferia de Medellín
Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

07/09/2015 06h00

No último domingo, 6 de setembro, a ‘defesa escorpião’ que eternizou o René Higuita completou 20 anos. Mas não foi a única curiosidade na vida do goleiro colombiano, que era amigo leal de Pablo Escobar - traficante de drogas mais famoso do mundo no fim do século passado e que hoje é interpretado por Wagner Moura na série “Narcos”, da Netflix.

Em entrevista recente ao jornal Peru 21, em junho de 2014, Higuita disse que conheceu o lado mais humano de Escobar e que era seu amigo leal. “Eu conheci militares, paramilitares e guerrilheiros, todos eram colombianos e eu conheci seus corações. Eu também conheci Pablo Escobar e seu coração, com todas as suas dificuldades e inconvenientes, mas também a sua parte humana”, afirmou.

Segundo Higuita, que visitava Escobar na prisão que ele construiu para si no entorno de Medellín, o fato de ser amigo do maior narcotraficante do mundo à época lhe tirou da Copa do Mundo de 1994, disputado nos EUA.

“Houve um mal-entendido, sai de La Catedral [prisão de Escobar] e encontrei um canal de TV me perguntando se eu era amigo de Pablo Escobar. Eu disse que sim. E o mundo caiu sobre mim. Naquela época, todo mundo rechaçava Escobar e o único que tinha acesso a ele era eu. E como é estranho que o resto da política não tinha nada a ver com Escobar. Isso me custou o posto na seleção”, descreveu.

Higuita não se arrepende. “Eu sou um amigo leal, dedicado à minha família, e não tive nada a ver com o tráfico de drogas. Eu posso ter amigos de todos os tipos e nunca vou nega-los. Hoje, amanhã e para sempre eu vou dizer que eu nunca vou negar meus amigos, sejam eles quais forem", explicou.

À época, Pablo Escobar organizava várias festas e churrascos em seu campo de futebol privado. Segundo Francisco Maturana, treinador da Colômbia nas Copas de 1990 e 1994, a presença dos jogadores da equipe nacional era obrigatória: “Se Don Vito Corleone me convida para jantar, eu tenho que aparecer.”

Um dos problemas da Copa de 1994 foi a convocação de um zagueiro. Francisco Maturana chamou Andrés Escobar (sem qualquer parentesco com Pablo) para defender a Colômbia. E aquela convocação acabaria sendo fatídica.

Andrés fez um gol contra em jogo diante os EUA e a Colômbia acabou eliminada do Mundial. Poucos dias depois, em frente a uma discoteca de Medellín, Andrés foi morto com 12 tiros pelo motorista dos irmãos Gallón, dois famosos narcotraficantes colombianos.

Até hoje, diz-se na Colômbia que os irmãos Gallón tinham apostado muito dinheiro do narcotráfico na vitória dos "Cafeteros". Assim, Andrés Escobar teria sido assassinado por vingança.

Por fim, alguns clubes de futebol na Colômbia pertenciam a traficantes de drogas e foram utilizados nas décadas de 80 e 90 para lavagem de dinheiro. O próprio Pablo Escobar era fã fervoroso de futebol, torcia para o Atlético Nacional e mandou construir mais de 20 campos de futebol na periferia de Medellín. Diz-se, aliás, que ele não só era dono do Atlético como também de seu maior rival, o Independiente Medellín.