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Marcelo Moreno deixa seleção boliviana em protesto contra treinador

Atacante está insatisfeito com a postura do atual treinador, Julio César Baldivieso - AFP PHOTO/JUAN MABROMATA
Atacante está insatisfeito com a postura do atual treinador, Julio César Baldivieso Imagem: AFP PHOTO/JUAN MABROMATA

Do UOL, em São Paulo

15/09/2015 18h20

O atacante Marcelo Moreno divulgou nesta terça-feira (15) um comunicado oficial informando que não defenderá mais a seleção boliviana enquanto o treinador Julio César Baldivieso continuar no comando da equipe.

A decisão do jogador deve-se a uma série de fatores que, em sua opinião, tem prejudicado o desempenho da seleção. Marcelo inicia o protesto citando as constantes trocas de treinador, que prejudicam desenvolvimento de um trabalho a longo prazo e que possa colaborar com a evolução da seleção no cenário internacional.

O atacante ainda reclamou da postura do atual treinador, Julio César Baldivieso, salientando que o treinador é desrespeitoso e incapaz de valorizar os feitos dos jogadores convocados por ele próprio para defender a seleção.

Confira na íntegra o comunicado divulgado por Moreno:

“Passei os últimos dias pensando bastante a respeito da atual situação da Seleção Boliviana. Acredito que eu e os demais jogadores já estamos acostumados com a troca frequente de técnicos. Isso, muitas vezes, interrompe um trabalho que poderia ser em longo prazo e que nos levaria a dar saltos maiores no cenário internacional. Porém, o momento com o atual treinador Julio César Baldivieso é crítico. Não concordo com a postura que ele vem mantendo conosco. Foram várias declarações infelizes desde o nosso último jogo (o primeiro dele), e creio que têm ferido a honra de quem sempre teve amor à camisa da Bolívia e serve à Seleção com dedicação e otimismo.

Penso que o Baldivieso não possui mais condições de estar à frente da Seleção e não existe mais clima para comandar os atletas, que ele abertamente já trata com desprezo. O mais agravante é o fato de ter começado o trabalho há pouco tempo, com apenas um amistoso, e não mostrar confiança em seus comandados. E não foi qualquer amistoso... Enfrentamos a Argentina, atual vice-campeã do mundo e da América, com time completo, que utilizou os grandes craques que estão nos maiores clubes da Europa. É claro que a derrota foi dolorida, e todos nós sentimos muito. Porém, trocar camisetas com adversários de tanta qualidade no fim da partida é algo absolutamente normal. Não pode ser motivo de declarações lamentáveis quanto à nossa dedicação em servir à Bolívia. Além disso, o capitão Ronald Raldes, que, há vários anos, é um exemplo de liderança tanto para os jogadores experientes quanto para os que estão iniciando sua trajetória na Seleção, não teve sua capacidade respeitada pelo atual treinador. Tenho certeza de que, em uma situação sem conturbações, ele não teria decidido encerrar seu ciclo, mas continuaria exercendo a liderança e ajudando o time nas Eliminatórias - se sua história não tivesse sido desconsiderada por Baldivieso. Embora o técnico possa querer desenvolver seus métodos de trabalho, já começa errado quando, logo de início, põe em xeque o profissionalismo de sua equipe.

Por esses acontecimentos e outros, que prefiro não expor, cheguei à seguinte conclusão: não há possibilidade de que eu vista a camisa da Bolívia enquanto esse profissional estiver no comando da equipe. Será difícil manter um clima saudável, que colabore para que a Seleção faça uma campanha digna nas Eliminatórias da próxima Copa. Tenho certeza de que nunca vou me esquecer dos bons momentos que passei com a La Verde, inclusive o mais recente na Copa América. Foi uma competição em que tivemos confiança, algo que foi fundamental para que conseguíssemos um resultado que poucos apostariam. Porém, prefiro não fazer parte desse ambiente que se criou, pois não vejo como o ideal para a evolução do futebol boliviano”.