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Refugiado sírio que levou pontapé de cinegrafista vira técnico na Espanha

Pai e filho agredidos por cinegrafista vão participar de atividades ligadas a futebol - Reprodução/Facebook
Pai e filho agredidos por cinegrafista vão participar de atividades ligadas a futebol Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

16/09/2015 11h22

O sírio Osama Abdul Mohsen, que ficou conhecido mundialmente após levar pontapé de uma cinegrafista húngara, ganhará chance para trabalhar como treinador em uma escola de Getafe, na Espanha. Osama estava com o filho quando foi derrubado durante ação de refugiados na Hungria.

A prefeita de Getafe, Sara Hernandéz, informou que o convite ao refugiado sírio é em parceria com o time da cidade e também se estende ao filho de Osama, Zaid, de 7 anos.

Osama treinou time da elite do futebol sírio, Al-Fotuwa.

“Trabalharemos com o Getafe CF [clube espanhol] para que o Osama possa treinar, já que ele tem experiência nisso. E queremos que seu filho possa jogar no Getafe”. “Esse é um passo para demonstrar a solidariedade da cidade de Getafe a este drama social que está se vivendo”, declarou a prefeita, ao Mundo Deportivo.  

Refugiados - Marko Djurica/Reuters - Marko Djurica/Reuters
A cinegrafista Petra Lázsló, da emissora húngara "N1TV", foi demitida após ser flagrada chutando refugiados. A Hungria tem sido alvo de um intenso fluxo imigratório que começa no Oriente Médio - principalmente na Síria - e passa por Turquia, Grécia, Macedônia e Sérvia, até chegar em Budapeste, já na União Europeia e perto dos países mais ricos do bloco
Imagem: Marko Djurica/Reuters

Plano era seguir para a Alemanha

Sem emprego na Turquia e com dificuldades financeiras, Osama iniciou a viagem com Zaid no início deste mês. Ele acreditava que viajar com o filho mais novo ajudaria a acelerar o pedido de asilo e a trazer a família assim que eles chegassem em território alemão. Na Alemanha, o plano era reencontrar o primeiro filho da família que fez a travessia há uns meses.

A mulher de Osama hoje se arrepende de ter cedido aos apelos do marido para levar a criança na travessia. "Não é uma viagem qualquer. É uma jornada de morte", disse Muntaha a jornalistas. Ela lembrou ainda da empolgação do pequeno com a viagem: "Vou até a Alemanha e verei Mohammed (o irmão que fez a travessia há meses)", Zaid prometeu a ela.

A cinegrafista assumiu a responsabilidade pelo ocorrido e afirmou que entrou em pânico quando centenas de refugiados romperam a barreira policial. "As pessoas corriam na minha direção e pensei que estava sendo atacada. Fiquei com medo. É difícil tomar decisões certas quando se está em pânico", argumentou. Ao mesmo tempo, ela se disse chocada com as reações ao episódio. "Não mereço que seja feita uma caça às bruxas política contra mim", escreveu em artigo, afirmando ter recebido ameaças de morte.