Topo

Missionário criticado por Dunga diz que foi convidado por Kaká e David Luiz

Pastor Guilherme (de boné no centro), ao lado de sua mulher (à dir da foto) e outros colegas no jogo contra os EUA - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Pastor Guilherme (de boné no centro), ao lado de sua mulher (à dir da foto) e outros colegas no jogo contra os EUA
Imagem: Reprodução/Instagram

Juliana Alencar

Do UOL, em São Paulo

17/09/2015 13h23

Conhecido pelo trabalho evangelização de jovens, Guilherme Batista, de 25 anos, diz lamentar que as fotos de sua visita à concentração da seleção brasileira, nos Estados Unidos, no início do mês, tenham causado algum tipo de desconforto na direção da CBF. Nesta quinta, 17, o técnico Dunga fez críticas à manifestação religiosa no ambiente esportivo depois que o próprio Guilherme postou imagens com alguns jogadores em suas redes sociais.  

O missionário diz que participou de conversas e orações particulares com alguns atletas depois de ser convidado por David Luiz e Kaká para ir à concentração da equipe durante os amistosos em Nova Jersey e Boston. Relata que ganhou ingressos do zagueiro. "Eu estava no Canadá antes de ir para os Estados Unidos. Coincidiu de eu estar lá no mesmo período fazendo pregação e eles me convidaram. Fui por amizade", explicou ao UOL Esporte.

"Quando eu era adolescente, queria ser jogador de futebol. Quando eu publiquei que fui ´convocado´, me referia a esse sonho", diz ele, que preferiu não rebater o tom com qual Dunga se referiu ao episódio. Em entrevista coletiva para o anúncio da convocação, o técnico sugeriu que o religioso induziu os seus seguidores nas redes sociais a acreditar que ele tinha sido convidado pela CBF para fazer a pregação.

"Quanto a colocar fotografias nas redes sociais, vocês vão entender quantas dificuldades encontramos, quantas pessoas querem se aproveitar da mídia. Eu estava em São Paulo, com a comissão, e um rapaz se aproximou como torcedor normal. (...). Para minha surpresa, quando fui ver, ele postou a foto com a legenda 'tomando café com meu chefe', como se eu fosse chefe dele", afirmou Dunga, reforçando que o encontro entre o pastor e os jogadores foi feita numa sala reservada para a família e amigos.

Guilherme atua como missionário da Assembleia de Deus, em Goiânia. Ele é dono de uma marca de moda jovem gospel, a Transformados, e faz pregações pelo Brasil e fora do país para uma plateia jovem. "Trabalho com jovens há 10 anos levando a palavra. E, até mesmo por essa minha relação com o futebol, faço visitas a concentrações de muitos times do país", defende-se. Nesta semana, o religioso visitou jogadores do Vila Nova.

Dunga e Gilmar Rinaldi explicaram que não houve permissão e que a seleção não é lugar para manifestação religiosa. A reunião, no entanto, aconteceu em uma sala reservada para encontros particulares dos atletas.

"Não permiti. Nem eu, nem Gilmar, nem a seleção. Para você entender, porque dentro da seleção as coisas são feitas com transparência: lá na concentração temos uma sala onde jogadores podem receber familiares, pessoas mais próximas. Nada é proibido, mas na seleção não é local de exposição política, religiosa, temos de concentrar o que estamos fazendo que é o futebol", afirmou o treinador.