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Atlético-MG contrata refugiados sírios e conta com rivais para novas ações

Em 2014 o Atlético-MG levou alguns refugiados ao Independência. Eles foram presenteados com camisas, brindes e assistiram ao triunfo sobre o Botafogo, por 1 a 0 - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Em 2014 o Atlético-MG levou alguns refugiados ao Independência. Eles foram presenteados com camisas, brindes e assistiram ao triunfo sobre o Botafogo, por 1 a 0 Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

18/09/2015 10h00

Belo Horizonte, dia 16 de setembro de 2015, quarta-feira. Enquanto os torcedores mineiros se preparavam para os jogos de Atlético-MG e Cruzeiro, contra Santos e Vasco, respectivamente, nascia na Santa Casa de BH o pequenino Abboud. Tão jovem e já com muita história, completamente diferente dos demais bebês que nasceram na capital mineira nessa data, a média diária é de 85 partos. Como o próprio nome indica, Abboud tem sangue sírio. Mineiro de nascimento e adoção, ele é filho de um casal refugiado da guerra civil que assola a Síria desde 2011.

Assim como a mãe de Abboud, outros 78 refugiados, entre eles mais duas grávidas, foram acolhidos pela Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A escolha por Minas Gerais não foi por um acaso, já que a capital do estado concentra uma enorme colônia síria.

Desde o início do século passado que Belo Horizonte recebe imigrantes sírios e libaneses, que ajudaram no crescimento da ainda jovem e pequena capital mineira, agora centenária e com a terceira maior concentração urbana do país. A participação foi em todas áreas, portanto, o futebol não ficou fora, especialmente no Atlético. Alguns sobrenomes são marcantes para o torcedor alvinegro, como Kalil, Cadar, Cury, todos dirigentes.

Em campo o maior destaque foi Said, integrante do Trio Maldito, famoso ataque atleticano entre 1927 e 1931, formado ele ao lado de Mário de Castro e Jairo. Somados os três anotaram 459 gols pelo clube. Said aparece até hoje como um dos maiores artilheiros do Atlético, com 142 gols marcados, na sexta colocação.

E foi através de Emir Cadar, presidente do conselho deliberativo do Atlético e filho de sírio, que o clube contratou três refugiados para o quadro de funcionários, alguns meses atrás. Todos trabalham na sede administrativa do Atlético, que fica no bairro de Lourdes, também na Região Centro Sul de Belo Horizonte.

“O Atlético ajuda quando é possível. No ano passado levamos alguns refugiados para uma partida no Independência. Eles receberam camisas, brindes e tudo mais. Depois alguns ficaram com mais dificuldades e abrigamos lá na sede, são três que trabalham lá”, contou Emir ao UOL Esporte.

Abboud não é o primeiro refugiado sírio que nasceu em Belo Horizonte recentemente. Seis meses atrás foi a vez de Yasmin, que neste domingo vai estar no Independência e vai entrar com os jogadores do Atlético em campo, antes da partida com o Flamengo, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. Aliás, antes do duelo com o clube rubro-negro o Atlético vai fazer um ato com a presença de muitos refugiados para pedir paz e conscientizar sobre o grave problema que atravessa a população síria.

“Queremos que todo o povo tome conhecimento do que se passa lá. O Atlético colaborou e outras ações vão acontecer, também com América e Cruzeiro. A ideia é sensibilizar e chamar a atenção”, disse Emir, que já conversou com Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro, sobre o assunto.