Primeiro '7 x 1' da seleção ocorreu há 95 anos após rixa entre SP e Rio
Goleada histórica diante de um rival em plena reta final de competição. O Brasil viveu esse drama contra a Alemanha, no famigerado 7 a 1, na semifinal da Copa, na sua pior derrota em 101 anos. Roteiro parecido, no entanto, já havia feito parte da história da seleção: há exatos 95 anos, a equipe brasileira acabou derrotada pelo Uruguai por 6 a 0 e viu o adversário ser campeão no jogo seguinte, assim como os alemães em 2014.
Na ocasião, ao menos, o revés teve uma explicação. A seleção brasileira, que defendia o título do Sul-Americano (atual Copa América) subiu ao gramado do estádio do Sporting Club, em Viña del Mar, no Chile, era composta praticamente por novatos, com oito atletas convocados pela primeira vez.
O fato esteve ligado à rixa entre São Paulo e Rio de Janeiro, que forçaram a Confederação Brasileira de Despostos (CBD) a incluir apenas atletas de times cariocas, além do Santos, na lista de convocados.
A situação foi criada após a falta de diálogo entre os dirigentes. As partes, naquele ano, não chegaram a um acordo em relação às datas da Taça Ioduran, o Torneio Rio-SP da época. Os cariocas reclamaram da omissão dos paulistas, que, por sua vez, alegaram falta de datas para entrarem em campo.
A briga resultou no veto da Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), organizadora do futebol em São Paulo até o começo da década de 1940. Insatisfeita, a entidade não liberou os atletas das equipes de São Paulo para a convocação.
Apenas o Santos, em rota de colisão com a APEA, cedeu jogadores à seleção. Dessa forma, somente um jogador da equipe campeã sul-americana em 1919, defendeu o Brasil na edição seguinte: o meia Fortes, no Fluminense.
O resultado foi desastroso: após uma vitória por 1 a 0 na estreia, contra os chilenos, também em Viña del Mar, o Brasil foi derrotado pelo Uruguai (6 a 0) e Argentina (2 a 0) -- a seleção terminou na terceira colocação do quadrangular.
Na goleada, o Brasil sofreu três gols em apenas seis minutos, entre 23 e 29 minutos do primeiro tempo. Contra a Alemanha, na Copa 2014, foram quatro gols em sete minutos -- coincidentemente, entre 22 e 29 minutos da etapa inicial. Em 1920, os uruguaios marcaram mais três gols no segundo tempo (os alemães, mais dois).
Antes e depois
Um ano antes do vexame, no jogo do título sul-americano de 1919, disputado nas Laranjeiras, no Rio, contra os próprios uruguaios, o time brasileiro, de fato, era tinha os melhores jogadores do País. O time contava com a presença de craques como Friedenreich, do Paulistano, e Neco, do Corinthians.
A seleção brasileira entrou em campo com Marcos (Fluminense), Píndaro (Flamengo), Bianco (Palestra Itália), Sérgio (Paulistano), Amílcar (Corinthians), Fortes (Fluminense), Millon (Santos), Neco (Corinthians), Friedenreich (Paulistano), Heitor Domingues (Palestra Itália) e Arnaldo (Santos).
O gol do título, o único do confronto, foi marcado por Friedenreich, na segunda prorrogação do jogo-desempate. Na primeira partida decisiva, os times ficaram no empate por 2 a 2, forçando a realização de mais um duelo.
Após a histórica goleada no Sul-Americano de 1920, o Brasil demorou dois anos para se recuperar. No ano seguinte, acabou derrotado pela Argentina e pelo Uruguai novamente -- os argentinos faturaram o título continental.
Em 1922, enfim, a seleção brasileira voltou a levantar a taça, com direito a uma vitória sobre a Argentina (2 a 0) e Paraguai (3 a 0, na partida decisiva da campanha). Naquela oportunidade, o time contava com os seus principais jogadores, como Friedenreich e Neco.
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